Correspondente do PA mostra trabalho investigativo da CENARIUM no Congresso da Abraji

A correspondente da Revista Cenarium no Pará, Daleth Oliveira, na palestra "Jornalismo investigativo local a serviço das cidades". (Reprodução/Abraji)

01 de julho de 2023

16:07

Pricila de Assis – Da Agência Amazônia

MANAUS – A jornalista correspondente da REDE CENARIUM AMAZÔNIA no Pará, Daleth Rodrigues, falou neste sábado, 1º, na palestra “Jornalismo investigativo local a serviço das cidades”, no 18º Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), sobre o trabalho desenvolvido no Estado que integra a Amazônia Legal. A repórter mostrou como as reportagens buscam apresentar para a sociedade a realidade, sendo possível chamar a atenção do poder público.

A palestra ainda contou com a participação da fundadora do Marco Zero Conteúdo e professora da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Carolina Monteiro, do jornalista e criador do site Vocativo.com, Fred Santana, e do repórter do Matinal do Rio Grande do Sul Pedro Nakamura, com mediação do professor e jornalista Antonio Rocha Filho.

Daleth explicou que as matérias tratam, principalmente, da estrutura de Belém, capital do Pará, que sediará a COP 30, em 2025. Foram abordados assuntos como mobilidade urbana e saneamento básico da capital paraense.

Queremos pressionar toda a esfera pública, falando dos impactos das adversidades sociais. Belém é a principal cidade do Pará, é uma cidade bonita, e o governo precisa, com urgência, olhar os seus moradores, para que assim seja exemplo na COP 30, um evento que fala de infraestrutura, sustentabilidade, entre outros”, pontuou Daleth.

A correspondente da REVISTA CENARIUM no Pará, Daleth Oliveira. (Reprodução/Abraji)

A correspondente de Belém ainda ressaltou a importância do trabalho independente e investigativo da REVISTA CENARIUM na região Norte. “A Amazônia não é um santuário. Apesar de cobrirmos agenda ambiental, não podemos continuar deixando que o resto do Brasil olhe para Amazônia apenas como uma floresta”, alerta.

Para a palestrante, o jornalismo responsável e diferenciado é mostrar a ineficiência de uma gestão que, muitas vezes, mesmo com direito de resposta, não faz questão de dar retorno para a mídia. “Temos o dever de ouvir os dois lados, aguardamos que nos passem informações, mas isso termina sendo um desafio até o fechamento da matéria. Quando isso acontece, avisamos aos leitores que não houve resposta. Jornalismo é ter cuidado com apuração e a divulgação dela”, explicou.

Desafios da investigação

A fundadora do Marco Zero Conteúdo e professora da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Carolina Monteiro, ressaltou que no Brasil tem muitos veículos de comunicação, porém, com déficit de conteúdo investigativo. “Quando pensamos na Marco Zero, pensamos nas produções autorais, que pudessem de fato contar a história com fundamentos, pesquisas, dados. Levar conteúdo de qualidade aos leitores”, disse.

O jornalista e criador do site Vocativo.com, Fred Santana, iniciou de forma experimental, em 2008, conteúdo jornalístico digital. Ele lembrou que, naquela época, viver de um trabalho desenvolvido na internet parecia algo impossível, já que era um período restrito para a difusão de notícias, ainda mais em Manaus.

“Tínhamos apenas televisão, rádio e impresso. No agora, presenciamos muitas plataformas de noticiários. Vejo que esse avanço trouxe muitos progressos, mas também desafios, porque quando vai de desencontro a interesse político, enfrentamos censura”, contou.

Da esquerda à direita: Fred Santana, Antonio Rocha, Carolina Monteiro, Daleth Oliveira e Pedro Nakamura (Reprodução/Abraji)

Já o repórter do Matinal do Rio Grande do Sul, Pedro Nakamura, relatou a experiência com jornalismo investigativo. “O meu contato com esse mundo da reportagem, da apuração, veio quando ainda era estagiário no Matinal. Logo fizeram a minha contratação como jornalista diplomado, pegando pautas que tiveram alcances inimagináveis. Quando fazemos matérias com base de dados, a relevância vira confiança de público”, finaliza.

Exemplo

Os conteúdos jornalísticos da Revista Cenarium vêm sendo fontes de provas para investigações da Polícia Civil e Ministério Público, a exemplo de uma série de matérias, como o trabalho escravo em Roraima. “Isso demonstra que estamos sendo vistos com seriedade e respeito pelas autoridades. O nosso trabalho é fazer que as pessoas sejam ouvidas e vistas, mas, acima de tudo, possam ser ajudadas”, comenta.

A jornalista também fez comparações com os outros Estados do Norte, onde estão localizados os correspondentes, os quais fazem denúncias similares a de Roraima e Belém, envolvendo a falta a ausência da inexistência de ações efetivas pela parte do governo e município.

Mesas de debates

Esta foi a segunda mesa com participação da CENARIUM nesta edição do congresso, que acontece anualmente em São Paulo. A primeira teve a presença do fotojornalista Ricardo Oliveira e a terceira acontecerá às 17h, com a participação da CEO da CENARIUM, Paula Litaiff.

Ricardo Oliveira participou da palestra “Bastidores de reportagens sobre uma Amazônia em ebulição“, ao lado do repórter Thalys Alcântara, do Metrópoles, onde falou sobre a exploração de trabalhadores em carvoarias na Amazônia, com mediação da diretora da Abraji, Thays Lavor.

Litaiff vai compor a terceira mesa, “O 8 de janeiro pegou a imprensa de surpresa?”, com a repórter da Revista Piauí, Ana Clara Costa, o presidente da ONG Repórter Brasil e colunista do UOL, Leonardo Sakamoto, e a diretora executiva do site de notícias Metrópoles, Lilian Tahan.

Congresso

O 18º Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) ocorre entre os dias 29 de junho e 2 de julho de 2023, no formato on-line e presencial, na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo (SP). Este é o segundo ano consecutivo que a REVISTA CENARIUM participa do evento.

Jornalistas de várias partes do País estão no evento, que conta com oficinas, palestras e cursos coordenados por profissionais nacionais e internacionais. Neste ano, a proposta do congresso é debater os impactos da inteligência artificial na forma de se fazer comunicação, mostrar os bastidores de reportagens investigativas com a presença dos autores, debater sobre as complexidades políticas no Brasil e exterior, além de tratar temas como meio ambiente, violência, corrupção e outros.