Creches de Manaus reforçam protocolos de segurança após tragédia em Blumenau

Tragédia em Blumenau provoca comoção e pânico, no Brasil, e população vê atônita a escalada da violência nas escolas (Fernando Frazão/Agência Brasil)

05 de abril de 2023

21:04

Mencius Melo – Da Agência Amazônia

MANAUS – Horas após o trágico ataque que ocorreu na cidade de Blumenau, em Santa Catarina, creches de Manaus emitiram notas sobre a segurança das instalações. Os comunicados ocorrem diante do aumento dos ataques em escolas, no Brasil, que, em 2022 e 2023, já supera o total registrado nos 20 anos anteriores, segundo pesquisadores. Em recente estudo da pesquisadora Michele Prado, do Monitor do Debate Político no Meio Digital da Universidade de São Paulo (USP), foi registrado 22 ataques a escolas, entre outubro de 2002 e março de 2023.

A creche Centro Educacional Alegria do Saber, localizada no bairro Nossa Senhora das Graças, Zona Centro-Sul, emitiu um comunicado anunciando novos protocolos para o acesso às dependências da instituição. Entre as medidas de segurança estão o trancamento de portões durante todo o expediente e a proibição de conversas dos professores na entrada da creche. Além disso: “Não será mais permitido visitas enquanto tiver crianças na escola” e “se precisar falar com a professora ou a direção, precisará entrar e conversar na recepção da escola”, diz o comunicado.

Creche de Manaus adotou novos protocolos e endureceu o acesso às dependências da escola (Reprodução/Redes Sociais)

Leia também: Quatro crianças são mortas durante ataque a creche em Santa Catarina

Procurada pela reportagem, a diretoria da escola Martha Falcão e a creche Pinocchio comentou que “A professora Nelly Falcão, diretora das instituições, lamenta o ocorrido na creche em Santa Catarina e se solidariza com as famílias e com diretores, funcionários e alunos da escola. Ela destaca que a comunidade estudantil está impactada com os últimos casos de violências no ambiente escolar”, disse em nota. No texto ela destacou a prevenção. “Ela ressalta que situações como estas pedem que os gestores redobrem os cuidados com a vigilância e a segurança, além de ações que foquem na saúde mental e emocional de alunos, professores e colaboradores de instituições de ensino”, opinou.

Estado

Procurada pela reportagem da REVISTA CENARIUM, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) respondeu, por meio de assessoria, que mantém vigilante as políticas de segurança. “A Secretaria de Estado de Educação e Desporto conta com uma rede de apoio e comunicação entre as Coordenadorias Distritais e Regionais de Educação e de forma integrada com as autoridades policiais, quando necessário, para o monitoramento constante de publicações ou ações suspeitas vinculadas às unidades educacionais da rede estadual de ensino no Estado”, comunicou.

Fachada da creche, em Blumenau, que entra para as estatísticas dos ataques às escolas no Brasil (Anderson Coelho/AFP)

O texto informou ainda que: “Por meio da Rede de Proteção, Saúde e Segurança, a Secretaria de Educação, em parceria com as secretarias de Segurança Pública (SSP) e de Assistência Social (Seas), tem agido para dar seguimento aos procedimentos e protocolos corretos, como patrulhamento policial na entrada e saída dos estudantes e acompanhamento socioemocional com estudantes, dentre outras iniciativas, com o objetivo de promover conscientização e discussões sobre temas como segurança, violência, educação, bullying e uso correto das redes sociais”, concluiu a nota.

Alerta!

O Sindicato das Escolas particulares do Amazonas (Sinepe-AM) emitiu nota em consonância com a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep). No texto, a entidade lamenta o corrido em Blumenal e se solidarizando com as famílias das crianças mortas e feridas. No texto, o Sinepe-AM comunica que os casos de violência acenderam um alerta nos sindicatos, que criaram um comitê que apresentará, ainda no mês de abril, um movimento nacional em prol da valorização da vida e da escola.

Após ataque, sindicato do Amazonas emite nota de solidariedade, comunicando movimento nacional pela valorização da vida (Reprodução/Redes Sociais)

Retrospectiva

Um dos casos mais recentes foi o de Elisabete Tenreiro, professora de 71 anos que morreu na última segunda-feira, 27 de março, após ser esfaqueada por um aluno da própria escola em que trabalhava, localizada na Zona Oeste de São Paulo. Além de Elisabete, o ataque cometido por um adolescente de 13 anos, estudante do 8° ano, também feriu outras três professoras e mais dois alunos.

A escola Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro, palco de um dos maiores atentados em escolas no Brasil (Tasso Marcelo/Estadão)

Outros episódios que marcaram o País ocorreu na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, ocorrido em abril de 2011, com 12 vítimas fatais; e o ataque violento, em uma escola infantil, em Santa Catarina, que tirou a vida de três crianças e duas funcionárias, em maio de 2021. Além do duplo ataque a duas unidades de ensino, no Espírito Santo, em novembro do ano passado, que deixou três mortos e mais 13 feridos, foram outros episódios de extrema violência que marcaram o País.