De branco a pardo: candidato à reeleição ao Governo de Rondônia ‘mudou de cor’ no TRE; ‘correção de um erro’, diz partido
08 de setembro de 2022
20:09
Iury Lima – Da Agência Amazônia
VILHENA (RO) – O governador de Rondônia e candidato à reeleição, Coronel Marcos Rocha (União Brasil), “mudou de cor” na Justiça Eleitoral. Há pouco mais de um mês, quando protocolou seu registro de candidatura, Rocha se dizia branco. Agora, ele se autodeclara pardo ao Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia (TRE-RO).
A mudança pode sinalizar uma estratégia para abocanhar uma fatia maior do Fundo Eleitoral, uma vez que os partidos devem dividir os recursos de forma proporcional entre candidatos brancos e negros, sendo este último grupo formado, também, por pretos e pardos. O partido União Brasil, legenda do governador, no entanto, não confirma a “manobra”.
‘Herança genética’
Segundo a defesa de Marcos Rocha, a mudança no sistema do TRE-RO nada mais é do que a correção de um “equívoco” no ato do protocolo do registro. O advogado Alexandre Camargo Filho justifica a nova autodeclaração do candidato, em documento enviado à Justiça Eleitoral, como uma herança genética.
“(…) o requerente possui cor parda, haja vista ter avó negra, mãe morena e pai pardo, o que o fez, geneticamente, ser pardo, conforme fotos em anexo”, diz o representante jurídico.
Este foi o mesmo tom da resposta enviada pelo partido União Brasil à REVISTA CENARIUM. “Corrigimos uma informação anterior equivocada”, informou a sigla. A reportagem insistiu e questionou sobre a divisão de recursos do financiamento de campanha, mas o partido informou que não faria nenhum outro comentário adicional.
Apesar de alegar a “correção de um erro”, Rocha concorreu pelo PSL e foi eleito governador, em 2018, se autodeclarando branco à Justiça, conforme apurou a CENARIUM.
Fundo eleitoral
Só para a corrida eleitoral deste ano, Marcos Rocha recebeu, até o momento, quase R$ 4,3 milhões do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, segundo dados do portal de Divulgação dos Candidatos vinculado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mais da metade deste dinheiro, R$ 2,4 milhões, já foi destinado a despesas contratadas.
Pelas regras do TSE, a divisão do Fundo Eleitoral deve ser feita de maneira equilibrada entre candidaturas brancas e negras, incluindo candidatos que se autodeclaram pardos, como no caso de Rocha.