‘É inaceitável que judeus morram por ódio’, diz representante israelita no AM

Protesto contra o Hamas tem bandeiras de Israel erguidas pelos manifestantes (Foto: Pixabay.com)

09 de novembro de 2023

14:11

Yana Lima – Da Agência Amazônia

MANAUS – Nesta quinta-feira, 9, marca o Dia Internacional de Combate ao Fascismo e ao Antissemitismo. A data ocorre em meio ao episódio mais recente do conflito entre palestinos e israelenses, e um dia depois que a Polícia Federal impediu ataques a prédios ligados a judeus no Brasil.

O fascismo é uma ideologia política autoritária e nacionalista, marcada por um governo centralizado, liderança forte, supressão de oposição e enfatizando a unidade nacional. Por outro lado, o antissemitismo refere-se ao preconceito, discriminação ou hostilidade direcionada especificamente contra judeus, fundamentada em sua origem étnica, religiosa ou cultural.

Para o presidente do Comitê Israelita do Amazonas, David Vidal Israel, o conflito no Oriente Médio é o maior massacre de judeus desde o Holocausto. Para ele, este é um exemplo de antissemitismo, de ódio e perseguição aos judeus, que não fica apenas no campo do conflito armado. Ele afirma que são difundidas mentiras e preconceitos sobre o povo judeu, que defendem o seu extermínio ou atacam o seu direito de existir como nação.

Um exemplo recente e chocante disso foi o massacre ocorrido em 7 de outubro de 2023, quando mais de 1.400 pessoas foram assassinadas, 242 foram sequestradas e mais de 1.300 ficaram feridas em um atentado no sul de Israel. Esse foi o maior massacre de judeus desde o Holocausto. Foi reivindicado pelo grupo Hamas que, assim como Hitler, em seu famoso livro Mein Kampf, prega em seus estatutos a destruição de Israel e a eliminação dos judeus. E que também, como os nazistas, viu glória em seus feitos e não se envergonhou de registrar seus crimes com câmeras: a barbárie de degolar, estuprar, queimar e humilhar também foi documentada”, afirma.

Sinagoga de Manaus (Foto: Arquivo pessoal da família Benchimol)

Para David Vidal, é imperativo que a comunidade internacional, os meios de comunicação, as organizações de direitos humanos e a sociedade civil se posicionem contra essa violência, reconhecendo que não se trata apenas de um problema de Israel, mas sim de toda a humanidade.

Ele ressalta que todo ser humano merece ser respeitado, independentemente de sua cor, raça, religião, nacionalidade, gênero ou grupo étnico. “Essa deve ser a causa de todos os que valorizam a vida, a diversidade e a dignidade humana. Não se pode relativizar isso”, afirma.

Guia contra antissemitismo

Em meio a guerra no Oriente Médio, os relatos de casos de antissemitismo estão crescendo no Brasil, segundo o Instituto Brasil-Israel (IBI). De acordo com dados da Confederação Israelita do Brasil (Conib), os ataques antissemitas cresceram 1,200% no País desde o dia 7 de outubro. A Conib já acionou a polícia e o Ministério Público.

Nesta quarta-feira, 8, o IBI lançou o “Guia contra o antissemitismo”. O material é divulgado na data entre o marco de um mês do conflito e o 9 de novembro, Dia Internacional contra o Fascismo e o Antissemitismo.


Radicalização da democracia contra antissemitismo e fascismo

Segundo o professor universitário e advogado Helso Ribeiro, o antissemitismo e o fascismo têm em comum o fato de serem posicionamentos excludentes, fundamentados na intolerância étnica, racial e ideológica. Ele argumenta que a solução para esses problemas está na radicalização da democracia.

Este conceito busca fortalecer e aprofundar os princípios democráticos, promovendo uma participação mais intensa e inclusiva dos cidadãos. A ideia é ir além dos procedimentos formais e estimular uma democracia mais dinâmica, onde as decisões políticas são moldadas por uma participação ativa da sociedade civil, resultando em uma governança mais representativa e responsiva às necessidades da população.

O foco na democracia como antídoto ao fascismo é enfatizado, especialmente no contexto de governos como o do ex-presidente Bolsonaro, que a todo momento flertava com o fascismo. “Com o ex-presidente Bolsonaro, a extrema direita ganhou um interlocutor. Os riscos reais são apostar na intolerância, investir na segregação. É isso que políticas de extrema direita e as políticas extremistas fazem. Quem não pensa igual a elas, os extremistas excluem. Esse é um grande risco para a democracia, que exige respeito à diversidade. Grupos de extrema direita, grupos neonazistas, grupos fascistas rejeitam isso, não aceitam a diversidade de pensamento”, destaca.

Ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (Alan Santos/PR)

O especialista conclui ressaltando a importância de uma educação que direcione os cidadãos a um pensamento crítico. “Mesmo países que têm um laço democrático interessante, às vezes surgem movimentos discriminatórios, extremistas. Então a democracia tem que estar sempre sendo refundada. É preciso um ensino crítico nas séries iniciais. Assim, você já pode fazer a criança pensar, por exemplo, sobre o amor, a solidariedade, a irmandade, a fraternidade. Criando exemplos nesse sentido, você evita que ela se torne intolerante”.

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Edição: Eduardo Figueiredo

Revisão: Gustavo Gilona