‘É notória a contribuição do Norte e Nordeste’, diz coletivo de economistas sobre fala de Zema

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Divulgação/Governo de Minas Gerais)

08 de agosto de 2023

19:08

Ívina Garcia – Da Agência Amazônia

MANAUS (AM) – A Associação Brasileira de Economistas Pela Democracia – Coletivo Minas Gerais (Abed-MG) lançou uma nota, na segunda-feira, 7, onde repudia as falas avaliadas como “separatistas” do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), durante entrevista ao Estadão, no sábado, 5. Zema anunciou uma união entre Estados do Sul e Sudeste “contra” as regiões Norte e Nordeste, referindo-se a estes como “vaquinhas que produzem pouco”.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Alexandre Rezende/Folhapress)

Zema ainda afirmou que as regiões Sul e Sudeste buscam “protagonismo político” que, em suas palavras, as regiões “nunca” tiveram. Conforme a nota da associação, as falas do governador de Minas são enviesadas e negam a história do Brasil. No texto, a associação lembra que nas décadas de 1930 e 1960 havia um esforço pela integração nacional e da redução das desigualdades regionais, com forte participação de lideranças das regiões Sul e Sudeste, que acabaram suspensas pelo golpe militar de 1964.

Tudo que alcançamos até aqui, em termos de conquistas civilizatórias, é fruto da contribuição de um único povo, de todas as suas regiões. Nesses termos, é notória a vastíssima contribuição das regiões Norte e Nordeste, sobre qualquer ponto de vista, do econômico, social, passando pelo cultural, político e a luta pela democracia em nosso País“, ressaltou a nota redigida pelo coletivo de Minas Gerais e apoiada pela Associação Nacional.

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), ao lado do coordenador do Movimento dos Economistas pela Democracia e contra a Barbárie, Adroaldo Quintela (Lula Marques/PT)

A nota ressalta que os consórcios públicos, como os criticados pelo governador de Minas Gerais, devem ser guiados profissionalmente e orientados por um projeto nacional de desenvolvimento e não como um instrumento de competição entre regiões baseado em xenofobia e na exploração de discursos reacionários.

Como economistas, pessoas/profissionais que dedicam suas vidas a pensar soluções para o Brasil, e, fundamentalmente, como mineiros, desautorizamos as palavras proferidas pelo governador e reforçamos o nosso compromisso com o Brasil na sua diversidade e união de esforços em prol do desenvolvimento econômico, com justiça social e democracia“, finaliza a nota.

Para o economista e membro da associação – regional Amazonas, Inaldo Seixas, as falas de Zema configuram uma tentativa de movimentação política, visando as eleições de 2026 para a presidência, e descarta a política de reconstrução e alinhamento adotada pelo atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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O economista Inaldo Seixas (Reprodução)

As palavras de Romeu Zema realmente não buscam aquilo que o País precisa, que é a união de todos os brasileiros, frente a um projeto nacional de desenvolvimento onde todos caibam, inclusive, aquelas regiões que foram favorecidas historicamente“, pontua.

Inaldo ressalta ainda que os consórcios assinados entre os Estados da região Norte e Nordeste não têm como finalidade a união contra Estados de outras regiões, mas, sim, buscam compensação de desigualdades.

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Ao longo da história, o Sul/Sudeste foi muito favorecido por investimentos públicos que permitiram a essas regiões se desenvolverem mais que outras, e talvez agora nesse processo de Reforma Tributária, na criação de fundos para a Amazônia ou para o Nordeste, se busque compensar essas regiões mais desfavorecidas, com maior índice de desigualdade e de pobreza“, explicou o especialista.