‘Ele não era vagabundo’; em Manaus, jovem morto com golpes de faca frequentava escola há apenas dois dias

Aluno sonhava em ser policial Foto: Reprodução

24 de fevereiro de 2022

21:02

Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – “Carlos era trabalhador, ele não era vagabundo. Era o segundo dia de aula dele na noite em que ele morreu. Adorava jogar bola e sonhava em ser policial”, a fala é de Milene da Silva Brito, tia da vítima.

Carlos Henrique da Silva Brito, 16 anos, foi morto com uma facada no coração após sair da Escola Estadual Isaac Swener, localizada na rua J, bairro São José, Zona Leste de Manaus. Segundo informações da Polícia Civil, o crime teria ocorrido por volta das 17h, quando uma discussão começou entre Carlos e outros três alunos.

O autor, identificado apenas como ‘Mateus’, chegou armado na escola e atacou Carlos e os outros dois rapazes, identificados como Rodrigo – que é irmão de Carlos – e Bruno. Rodrigo foi ferido no pescoço e após receber atendimento já está em sua residência.

Bruno, atingido no peito, permanece internado no Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio. O suspeito fugiu do local após a ação. A Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) investiga o caso.

Versão da Família

De acordo com a família, a discussão havia começado no dia anterior, quando ‘Mateus’ havia ameaçado outro aluno da escola, identificado como ‘Jhonata’. Eles teriam começado uma discussão, após o horário de saída da escola. Carlos tentou dar um soco em Mateus, que desviou e acertou dois golpes no peito do adolescente e dois nas pernas.

Familiares contam que conversaram com um segurança da escola, que disse ter visto Mateus armado. Em conversa, a tia das vítimas, Milene Brito, falou que tudo poderia ter sido evitado se tivessem acionado a polícia a tempo.

“Tudo o que aconteceu, o vigia estava vendo. Eles deveriam ter evitado, ligado para a vítima. Se tivessem chamado logo que viram a confusão, rapidamente uma viatura teria chegado ao local, porque eles ficam próximos à escola, em um shopping”.

Ela fala que a demora no atendimento pode ter levado Carlos à morte. “Meu sobrinho ficou ali agonizando até morrer. No hospital, ele também não recebeu atendimento rápido, falaram que não tinha maca, ele entrou carregado no colo do amigo dele”, disse a tia.

Milene pede por mais segurança nas escolas. Ela defende que casos como esse só tendem a repetir, caso nada seja feito. “Cada escola deveria ter mais policiamento. Esses criminosos, que se dizem estudantes, vão só fazer maldade, eles não vão para estudar, porque quem vai para estudar não vai armado, não leva arma nenhuma. A arma do estudante é lápis, caneta e livro”, finalizou.

Secretaria acompanha investigações

Em nota, a Secretaria de Estado de Educação e Desporto disse que está acompanhando as investigações da ocorrência policial registrada no entorno da Escola Estadual Isaac Swener e que a Polícia Militar foi acionada de imediato para verificar a situação, conforme procedimento padrão.

Ainda segundo o órgão, o fato ocorreu fora das dependências da unidade de ensino, após a saída dos estudantes do turno vespertino, e que tão logo foram percebidas as movimentações, a equipe gestora acionou o policiamento ostensivo.

Após o ocorrido, a escola suspendeu as atividades do turno noturno nesta quarta-feira, 22. A medida foi tomada para auxiliar os órgãos de segurança na apuração do caso e garantir a segurança da comunidade escolar.

“A Secretaria de Educação lamenta o ocorrido e reforça que preza pela segurança e integridade física e mental de toda a comunidade escolar, incentivando sempre o diálogo para a resolução de conflitos”, finaliza a nota.