Em entrevista ao Jornal Nacional, Lula declara que o agronegócio ‘fascista e direitista’ faz oposição ao meio ambiente

Lula foi o terceiro entrevistado dentre os presidenciáveis, no Jornal Nacional, do Grupo Globo, nesta quinta-feira, 25 (Reprodução/Instagram)

25 de agosto de 2022

22:08

Priscilla Peixoto – Da Agência Amazônia

MANAUS – O candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o terceiro entrevistado dentre os presidenciáveis no Jornal Nacional, do Grupo Globo, nesta quinta-feira, 25. Dentre os pontos citados na entrevista de 40 minutos, Lula falou sobre corrupção, economia, agronegócio e sobre a preservação da Amazônia e do meio ambiente.

Questionado sobre a falta de apoio do setor agro à candidatura, Lula afirmou que a defesa da Amazônia e do meio ambiente é um dos pontos que dificulta o entendimento entre as partes. De acordo com o presidenciável, o “agronegócio fascista e direitista” faz oposição ao meio ambiente.

A nossa política de defesa da Amazônia, do Pantanal, da Mata Atlântica, ou seja, a nossa luta contra o desmatamento faz com que muitos deles sejam contra nós (…) Você viu o ministro falando em passar a boiada para desmatar a Amazônia. Nós não precisamos plantar milho e criar gado, na Amazônia, revela Lula que complementa:

Os empresários sérios do agronegócio não querem desmatar, eles querem, sim, preservar nossos rios, matas e faunas. O que nós precisamos é explorar corretamente e cientificamente a biodiversidade da Amazônia para que a gente tire daquela riqueza produtos para a indústria de fármacos, cosméticos e gere empregos para aquelas pessoas“, salienta.

Lula durante entrevista ao Jornal Nacional (Reprodução/Rede Globo)

Corrupção

Indagado sobre os episódios de escândalos e corrupções ocorridos em relação à Petrobras, durante a gestão Lula, o candidato falou como vai assegurar que elas não se repitam e salientou os mecanismos de investigações e combate à corrupção.

“Durante cinco anos, fui massacrado e tenho, hoje, a primeira oportunidade de falar sobre isso com o povo brasileiro. A corrupção só aparece quando se permite que ela seja investigada. Foi no meu governo que criamos o Portal da Transparência, a Lei de Acesso à Informação, a lei contra o crime organizado e anticorrupção e lavagem de dinheiro (…) Vamos continuar criando mecanismo para investigar qualquer delito que aconteça na máquina pública brasileira”, diz o ex-presidente ressaltando, ainda, que a Lava Jato enveredou por caminhos políticos “delicados”.

“A Lava Jato ultrapassou o limite da investigação e entrou no limite na política, e o objetivo era o Lula. Quero dizer que, quero voltar à Presidência da República e, qualquer hipótese de alguém cometer qualquer crime que seja, essa pessoa será investigada, punida ou absolvida, é assim que se combate a corrupção no País”, declarou.

Procuradoria-Geral

No quesito lista tríplice da Procuradoria-Geral da República, Lula afirmou ter três indicações, porém, não revelou nomes. O candidato destacou ainda que deseja um procurador leal ao povo brasileiro e que pretende realizar uma série de reuniões com o Ministério Público para discutir os critérios que considera importante para ambas as partes.

Eu não quero amigo no Ministério Público, na Polícia Federal, no Itamarati e em nenhuma instituição. Eu quero pessoas competentes e ilibadas, republicanas e que pensam, sobretudo, no povo brasileiro“, afirmou o ex-presidente.

Lula concede entrevista ao Jornal Nacional (Reprodução)

Economia

Sobre o desequilíbrio das contas públicas, o presidenciável afirmou que pretende recuperar a estabilidade econômica e pontua três fatores: “credibilidade, previsibilidade e estabilidade”. De acordo com Lula, o primeiro ponto garante a crença no que é dito durante negociações importantes para o País, a previsibilidade permite que a população não seja pega desprevenida com mudanças realizadas no governo, e o terceiro tópico convence que os empresários privados, do Brasil, e estrangeiros, tenham condições e estabilidade para investir no País.

Centrão

Lula afirmou, ainda, que caso seja eleito para comandar o País pretende “conversar com todo mundo”, e ressaltou que o Centrão não é um partido político. “O Centrão não é um partido político, quase todos os outros são partidos de deputados que se juntam por determinada circunstância”, afirmou o candidato que completa:

“Nenhum presidente da República, no regime presidencialista, governa se não estabelecer relação com o Congresso Nacional. Quem ganhar as eleições, se for a Renata, ou se for o Bonner, ou se for o Lula, vai ter que conversar com o Congresso Nacional”, ressaltou o presidenciável.

Orçamento Secreto

O candidato à Presidência da República tece, ainda, críticas ao atual presidente Jair Bolsonaro. Segundo Lula, Bolsonaro é refém do Congresso Nacional e, sequer, cuida da parte orçamentária. Lula pontua que é necessário acabar com o chamado “semipresidencialismo e semiparlamentarismo no regime presidencial.

“Bolsonaro parece o bobo da corte. Ele não coordena o orçamento, veja que engraçado”, critica Lula afirmando que vai convencer o Congresso a abrir mão do mecanismo (orçamento secreto) à base do diálogo.

“Nós vamos resolver conversando e espero que a população brasileira aprenda, nessas eleições, uma lição muito grande, o Congresso Nacional é resultado da sua consciência política durante as eleições”, finaliza.