Em meio à crise do lixo, Belém anuncia novo sistema de coleta

Lixo em área imprópria para descarte em Belém (Márcio Nagano/Revista Cenarium)

12 de abril de 2024

14:04

Raisa Araújo – Da Agência Cenarium

BELÉM (PA) – Após a repercussão da crise do lixo em Belém, tema que foi capa da REVISTA CENARIUM na edição de março, a prefeitura anunciou que a empresa Ciclus Amazônia, vencedora da licitação para o novo sistema de coleta e tratamento de resíduos sólidos, deve iniciar as atividades na próxima segunda-feira, 15, nas ruas da capital do Pará.

O serviço de coleta prevê o recolhimento de aproximadamente 2 mil toneladas de resíduos por dia durante o primeiro mês de operação do consórcio. Para o morador do bairro do Telégrafo, na Zona Norte, Daniel Faria, de 32 anos, a situação está insustentável devido às montanhas de lixo acumulado nas ruas. Segundo ele, o carro de coleta não tem passado nos dias combinados.

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Lixeira viciada em rua de Belém (Márcio Nagano/Revista Cenarium)

“Como eu moro perto do canal, às vezes acontece do lixo cair dentro do canal. Quando tem chuvas intensas, ele transborda e faz uma arruaça na rua inteira, espalha lixo para todo lado e fica uma situação assim, de calamidade. É muito triste ver que a gente chegou nesse ponto onde o básico não está sendo atendido”, comentou o morador.

A histórica crise do lixo em Belém se intensificou no último ano, especialmente devido à interrupção da coleta de lixo, agravada pela suspensão do contrato com a empresa prestadora do serviço, a Guamá Tratamento de Resíduos.

Falha na gestão

Para o cientista político André Buna, a crise do lixo em Belém representa uma falha significativa da gestão municipal, que tem à frente o prefeito Edmilson Rodrigues (Psol), considerando que já estava prevista a conclusão desse contrato para outubro de 2023.

“A gente também tem outros problemas, a questão do ‘Lixão do Aurá’ e do destino dos nossos resíduos sólidos, que também já expirou e foi renovado por diversos anos. Há diretrizes internacionais, inclusive, da qual o Brasil é signatário, onde a gente tem que dar um outro tipo de tratamento de destino para os nossos lixões e de tratamento para os nossos resíduos sólidos“, disse Buna.

Atualmente, os municípios de Belém e Ananindeua (distante cerca de 20 quilômetros da capital paraense), bem como outros municípios do entorno, vivem um impasse para saber quem vai assumir a responsabilidade no tratamento de resíduos. 

Crianças em área de descarte de resíduos (Márcio Nagano/Revista Cenarium)

“Belém não tem um local apropriado para fazer esse tratamento e por isso depende dos municípios da Região Metropolitana. É visível que esse vai ser o problema [devido às eleições municipais]. Parte, inclusive, da rejeição altíssima que o Edmilson vem por essa má gestão e pelo aspecto de sujeira que a cidade acaba tendo. Isso impacta em outras situações do cotidiano da vida do belenense”, avaliou o cientista político.

Serviços

De acordo com a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), nova empresa de coleta e tratamento de lixo, mais de 2 mil colaboradores realizarão serviços como varrição, limpeza, capinagem e roçagem diariamente, utilizando cerca de 450 equipamentos, incluindo contêineres móveis, caminhões, patrulhas mecanizadas e roçadeiras, operando em turnos diurnos e noturnos na capital paraense.

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Editado por Adrisa De Góes
Revisado por Gustavo Gilona