Em Rondônia, opositores cogitam assassinato de Lula com ‘tiro na cabeça’; MPRO apura conduta

Além da compra do armamento pesado, os integrantes do grupo pretendiam contratar um atirador profissional para executar o crime (Reprodução)

02 de novembro de 2022

09:11

Iury Lima – Da AGÊNCIA AMAZÔNIA

VILHENA (RO) – Eleitores da extrema-direita inconformados com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no 2° turno das eleições gerais estão cogitando um atentado contra a vida do presidente eleito. A conversa, em grupo de WhatsApp, exposta em redes sociais, revelou o plano de manifestantes instalados em rodovias federais do Estado, de arrecadar dinheiro para “comprar uma sniper” e “dar um tiro na cabeça” de Lula. O caso chegou ao Ministério Público (MPRO) que já está investigando a conduta dos opositores. 

“A sociedade precisa tomar consciência de que o meio ambiente digital não é uma terra sem lei”, disse o promotor de Justiça e coordenador estadual de Combate a Crimes Cibernéticos do MPRO, Felipe Magno Silva Fonseca, à AGÊNCIA AMAZÔNIA

A investigação foi decretada pelo procurador-geral de Justiça Ivanildo de Oliveira. Em nota, o Ministério Público revelou que, além da compra do armamento pesado, os integrantes do grupo pretendiam contratar um atirador profissional para executar o crime.

Opositor de Lula propõe matar o presidente eleito e integrantes de grupo de WhatsApp apoiam a ideia, em Rondônia (Reprodução/Redes Sociais)

Plano criminoso

As mensagens surgiram em um grupo chamado ‘#10 Paralisação Rondônia’. O crime seria financiado por meio de uma vaquinha virtual.

“Apoiado”, diz um integrante. “Como eu gostaria”, responde outro. Os apoiadores de Jair Bolsonaro disseram também que o assassino seria considerado “herói nacional” e que estaria “salvando a pátria da nação brasileira”.

Ministério Público investiga conduta dos autores das mensagens (Reprodução/Redes Sociais)

Oliveira determinou, em despacho, que a Coordenadoria Estadual de Combate aos Crimes Cibernéticos “tome as providências que o caso requer”. “Como curador do regime democrático, cabe ao Ministério Público garantir o efetivo cumprimento do que restou decidido nas eleições. E, como defensor da ordem jurídica, o MP adotará as medidas necessárias para assegurar o cumprimento das leis e a punição de todos que as violarem”, declarou o procurador-geral.

Encarregado de auxiliar nesse processo, o promotor Felipe Magno informou à reportagem que o órgão ministerial “não medirá esforços” para que as condutas criminosas sejam apuradas e reprimidas, “independentemente de quem forem seus autores e vítimas”

Em resposta à AGÊNCIA AMAZÔNIA, a assessoria de Lula disse que o presidente eleito não vai comentar o caso.

O promotor de Justiça Felipe Magno Silva Fonseca garante apuração e repressão à conduta que indica ataque a Lula (Reprodução/MPRO)

Risco à democracia

Para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), condutas como essa incitam grave perturbação ao ambiente democrático, além de desvirtuar o artigo 142 da Constituição Federal, que trata da hierarquia e disciplina das Forças Armadas, ao se referir à convocação de atos antidemocráticos, comumente promovidos nesse tipo de grupo de mensagens, especialmente, por apoiadores de Jair Messias Bolsonaro.

Desde a última segunda-feira, 31, o TSE vem enviando uma série de ordens judiciais ao WhatsApp e ao Telegram, determinando a remoção de grupos utilizados para disseminar, além de pautas antidemocráticas, ofensas e notícias falsas, incluindo aqueles em que houve convocação para as paralisações que ocorrem nas rodovias de Norte a Sul do País.

A disseminação desse tipo de conteúdo aumentou durante o período eleitoral, principalmente, depois do resultado do 2° turno. Nesses espaços virtuais, eleitores de extrema-direita pedem, ainda, um golpe militar.

As plataformas informaram que estão cumprindo as decisões.