Em RR, indígenas denunciam falta de estrutura em escola estadual de comunidade na TI Raposa Serra do Sol

Indígenas recuperando o telhado da Escola, afetado por conta das chuvas na região (Reprodução)

27 de julho de 2022

21:07

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

BOA VISTA (RR) – Não é de hoje que as condições das escolas indígenas na Amazônia são mostradas na REVISTA CENARIUM. Nesta quarta-feira, 27, o Conselho Indigenista de Roraima enviou denúncia mostrando as condições da escola municipal e estadual da Comunidade Indígena Homologação, Terra Indígena Raposa Serra do Sol, município de Normandia, distante 186 quilômetros de Boa Vista.

Segundo a denúncia, o espaço foi construído pelos próprios indígenas e durante o período de chuvas a parede do único local que atende alunos desabou e prejudicou o andamento das aulas. Os alunos foram transferidos para uma sala do posto de saúde, que atenderá alunos da rede municipal de 1° período ao 5° ano e da rede estadual de 7° ano ao ensino médio. Procuramos o Governo de Roraima e a Prefeitura de Normandia para saber se há previsão de reforma da unidade escolar e se ambos receberam recursos federais para reforma, mas até a publicação desta matéria não houve retorno.  

Quem registrou as condições da escola foi o tuxaua Nelino Galé. A unidade atende alunos do município e do Estado. O relato de Galé é que a própria comunidade construiu a escola e que os pais dos alunos têm tentado melhorar o acesso à comunidade colocando pedras para que os veículos não atolem na passagem pelo igarapé e assim ajudar alunos de comunidades vizinhas. Porém, mesmo diante de tantos esforços, isso não tem sido suficiente e, por isso, cobra uma solução urgente. A estrada que dá acesso à escola está em condições precárias por conta da falta de manutenção.

“É muito difícil nossa situação, nós temos a escola estadual e municipal no mesmo local. Tem vários locais improvisados onde os professores estão dando aula, seja do Estado ou do município. Onde está o recurso destinado para a construção de escolas?”, questionou o tuxaua Nelino.

Professor desde 1993, Telmo Ribeiro, do povo Macuxi, e referência na educação indígena, disse que a situação desta escola é o descompromisso do poder público. “Da mesma forma existem dezenas e dezenas de escolas que passam por essa situação. Mas, em meio de comunicação, o gestor público estadual diz que educação é prioridade, é de qualidade; os fatos mostram que não é assim”, declarou.

Em meio ao descaso com a educação escolar indígena, os pais de alunos se reúnem e constroem pequenas casinhas para que o professor possa exercer a função. “Em todos esses anos, mostramos resistência a esse descaso com nossas crianças que estão enfrentando o desafio. Enquanto houver esperança haverá resistência”, finalizou o professor.

A Escola Estadual Indígena Arlindo Gastão de Medeiros atende 49 estudantes do 6° ano do ensino fundamental e médio. Já a Escola Municipal Indígena Damásio José Raimundo também atende 49 alunos do 1° ao 5° ano. Segundo o CIR, ambas necessitam de medidas urgentes para que as crianças e adolescentes possam continuar estudando na educação formal e tendo o seu direito à educação, à dignidade e à cidadania respeitados.