11 de janeiro de 2024
19:01
Jefferson Ramos – Da Revista Cenarium Amazônia
MANAUS (AM) – Cerca de mil famílias do território Quilombola Sudário, no município de Pinheiro (MA), vivem em compasso de insegurança após tratores escoltados por homens armados invadirem a localidade na terça-feira, 9. No quilombo, as famílias vivem da pesca, roça, hortaliças e do extrativismo da região que inclui pequi e bacabeiras.
Conforme a Comissão Pastoral da Terra (CPT), comunitários reagiram no sábado, 6, e forçaram os tratores a regressar. Na manhã de terça-feira, a invasão foi consumada. A CPT aponta que a pressão feita contra a comunidade tradicional é exercida pelo empresário local Paulo Roberto Lopes Cavalcante, conhecido por “Paulo Guedes”.
“As lideranças afirmam que boa parte da área de preservação dos pequizeiros os tratores já derrubaram. A comunidade Pacoã é certificada pela Fundação Palmares e luta junto a outras comunidades do território pela regularização das terras. O território tem enfrentado desde 2020 atos de estelionatários que vendem as terras para várias pessoas, entre elas o empresário Paulo Roberto Lopes Cavalcante, conhecido por “Paulo Guedes””, denuncia a CPT.
A organização da sociedade civil alega que os atos de repressão contra a comunidade de Pacoã ocorrem com mais frequência à noite com os tratores devastando as áreas de preservação. O território levantou o interesse de estancieiros, segundo a CPT, por conta da qualidade e produtividade da terra para o plantio de soja.
Relatos colhidos pela entidade ainda alerta para um suposto conluio entre os invasores e membros do Legislativo de do município de Pinheiro.
“A situação da comunidade de Pacoã é preocupante. Ver nos rostos das pessoas o medo e apreensão nos revolta. As nossas únicas armas são a palavra e as ferramentas de trabalho que usamos somente para plantar e colher”, disse uma das lideranças à CPT.
A Comissão Pastoral registra também que os invasores não apresentaram nenhum documento ou licença ambiental. “As comunidades exigem dos órgãos e autoridades do estado uma ação de urgência para preservar em especial a segurança das famílias e a garantia de seus territórios”, frisou.
Moradores alegam que o caso foi registrado na Polícia Civil e que a autoridade policial ainda não compareceu no quilombo. A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil do Maranhão (PC-MA) e aguarda posicionamento. A CENARIUM não localizou o empresário Paulo Roberto.