Esposa de líder do Comando Vermelho no AM se apresenta como ‘ativista pelos direitos humanos’

Luciane Barbosa Farias é casada com líder do Comando Vermelho (Reprodução/Instagram/@associacaoliberdadedoam)

14 de novembro de 2023

15:11

Winicyus Gonçalves – Da Agência Amazônia

BOA VISTA (RR) – Casada com o líder do Comando Vermelho no Amazonas, Luciane Barbosa Farias, que se encontrou com servidores no Ministério da Justiça, apresenta-se nas plataformas sociais como ativista em prol dos direitos dos detentos no sistema prisional amazonense. Cursando Direito, a esposa de é apontada pelo Ministério Público como uma figura feminina importante associada ao tráfico no Amazonas. Nas redes sociais, ela nega ser “faccionada”.

Atualmente preso, “Tio Patinhas” recebeu uma sentença que ultrapassa os 31 anos de prisão devido à sua participação no tráfico de drogas e outras atividades criminosas. Apontada pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) como a pessoa encarregada de gerir os recursos financeiros do cônjuge, Luciane foi condenada a dez anos de prisão, mas cumpre a pena em liberdade.

Clemilson dos Santos Farias, conhecido como “Tio Patinhas” (Divulgação)

Como presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas, Luciane Barbosa compartilha regularmente nas redes sociais as atividades em prol dos direitos dos detentos no sistema carcerário, incluindo participações em manifestações, negociações de parcerias em instituições públicas, como o Sine Manaus. No decorrer deste ano, ela foi ao Ministério da Justiça, acompanhando uma delegação composta por mulheres advogadas.

Lidiane Barbosa (de blazer preto e blusa branca) em audiência com o secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Elias Vaz (Foto: Reprodução/Instagram)

O Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) aponta indícios da conexão de Luciane e Clemilson com o tráfico de drogas e a organização criminosa liderada por ele. As alegações foram apresentadas em uma apelação criminal contra o casal, em 9 de outubro. Conforme a acusação do MP, Luciane teria utilizado os recursos provenientes do tráfico de drogas, obtidos por Clemilson, para comprar um veículo, um apartamento de luxo em Pernambuco e estabelecer um salão de beleza. O documento também ressalta que Luciane encobria as atividades criminosas do marido.

Ativismo e influência

Luciane tem se destacado na advocacia em prol dos direitos dos detentos no Amazonas. No mês passado, diante da fumaça que encobriu Manaus, ela conseguiu convencer o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a solicitar ação por parte dos órgãos públicos locais em relação à saúde dos presos no Estado.

A sede do Conselho Nacional de Justiça em Brasília (Gil Ferreira/Agência CNJ)

Ela encaminhou um documento ao CNJ solicitando a remoção das chapas das portas das celas, a reinstalação de ventiladores e o fim do racionamento de água nos presídios do Estado. Luciane argumentou que a fumaça resultante das queimadas na região estava prejudicando a saúde dos detentos. Em resposta à petição, o CNJ solicitou ao Ministério Público do Amazonas (MP-AM) e à Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM) que tomassem medidas em relação à denúncia.

Em uma nota compartilhada no Instagram nessa segunda-feira, 13, Luciane Barbosa declara que “minha batalha é pela asseguração da dignidade e dos direitos fundamentais ao meu esposo e a outros detentos no injusto sistema carcerário do meu Estado e do Brasil”. Ela nega qualquer associação a facções criminosas e afirma que está recorrendo da condenação.

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Edição: Yana Lima

Revisão: Gustavo Gilona