Quase um milhão de pessoas vivem sem acesso à energia elétrica na Amazônia Legal

Pessoa acende vela com palito de fósforo em casa sem energia elétrica (Reprodução/Redes Sociais)

02 de maio de 2024

14:05

Isabella Rabelo – Da Agência Cenarium*

MANAUS (AM) – Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) revelou que pelo menos 990 mil pessoas não têm acesso ao serviço público de energia elétrica na Amazônia Legal, composta pelos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

Segundo os dados divulgados pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), mais de 27% dessa quantidade de áreas sem energia consiste em unidades de conservação e assentamentos rurais. Cerca de 8,2% são locais habitados por pessoas indígenas e quilombolas.

Em 2015, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas destacaram a urgência de garantir que todos tenham acesso à energia limpa, confiável, sustentável e justa. Nove anos depois, o governo federal tem falhado em atender quase um milhão de pessoas na Amazônia Legal.

Vela acesa e lâmpada sem uso por falta de energia elétrica (Reprodução/Freepik)

Em depoimento ao Idec, a líder do Quilombo Santana do Arari, em Belém, capital do Pará, Pamella Heloísa, denunciou a situação vivida no local por moradores que vivem no escuro por não possuírem acesso básico à energia elétrica.

“Tem gente aqui, na minha comunidade, que depende de vela de lamparina para poder ter luz em suas casas. É uma situação muito triste. A gente precisa, necessita de energia”, declarou.

Impacto

A Amazônia Legal, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), engloba 772 cidades. Por meio de usinas hidrelétricas, a região gera a cerca de 26% da energia elétrica consumida em todo o território nacional. 

Para o sociólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Luiz Antonio de Souza, a problemática é consequência da ausência de um compromisso do Estado brasileiro mediante a garantia da produção e distribuição adequada dessa energia para essa população.

O sociólogo Luiz Antônio de Souza (Divulgação)

“Essa falta de energia mexe com todas as áreas na vivência desses moradores. Você perde qualidade de vida, perde medicamentos que precisam ser protegidos, você perde fundamentalmente a comida das pessoas, num País e numa região em que você tem graves problemas de insegurança alimentar”, pontuou.

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Editado por Adrisa De Góes
Revisado Gustavo Gilona
(*) Com informações do Ipec