24 de março de 2023
11:03
Bianca Diniz – Da Agência Brasil
BOA VISTA (RR) – O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e a Agência da ONU para as Migrações (OIM) divulgaram nessa quinta-feira, 23, os resultados da 7ª rodada da Matriz de Monitoramento de Deslocamento que revelam dados sobre a migração venezuelana no Estado de Roraima.
Pela primeira vez, a pesquisa sobre a Distribuição Temporal de Migrantes (DTM) foi realizada em todos os 15 municípios do Estado. O evento intitulado “Migração Venezuelana em Números”, promovido pelas organizações sediadas na Universidade Federal de Roraima (UFRR), apresentou dados coletados entre novembro e dezembro de 2022, fornecendo informações detalhadas sobre o fluxo migratório da população venezuelana para a região.
A pesquisa é feita por meio de entrevistas, permitindo que as informações sejam sistematizadas em diversos níveis para apoiar na criação de políticas públicas baseadas em evidências. Em Roraima, a Agência da ONU faz o monitoramento desde 2017 com refugiados e migrantes venezuelanos.
A pesquisa realizada com apoio da Pastoral dos Migrantes e da Secretaria de Estado do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) apresentou informações sobre o perfil sociodemográfico dos venezuelanos estabelecidos no Estado, incluindo dados sobre meios de vida, alimentação, moradia e saúde.
Resultados
- A média de idade dos migrantes é de 24 anos, sendo 50% homens e 50% mulheres.
- 43% possuem Ensino Médio completo e 62% se identificam como negros e pardos.
- 68% viajaram em grupo e 95% não desejam deixar o País.
- 77% possuem autorização de residência no Brasil.
- 83% estão empregados no setor informal e 54% recebiam benefícios sociais, principalmente o Auxílio Emergencial ou Bolsa Família.
- 78% residem em moradias alugadas e 39% das pessoas entrevistadas afirmaram não ter assegurado um lugar para viver no mês seguinte.
- 59% relataram que alguém do seu domicílio precisou de atenção médica nos últimos três meses, enquanto 81% receberam atendimento de pré-natal no Brasil.
- 27% dos entrevistados sofreram algum tipo de discriminação, principalmente por conta da nacionalidade (89%) ou situação econômica (7%).
Esses dados são fundamentais para a criação de políticas públicas adequadas às necessidades da população migrante e refugiada no País.
Niusarete Lima, coordenadora do Subcomitê Federal para Acolhimento e Interiorização (Sufai), enfatizou a importância de informações e evidências de qualidade para ajustar a atuação da resposta humanitária às necessidades de refugiados e migrantes.
“Isto contribui para que o MDS continue trabalhando incansavelmente para garantir a acolhida de migrantes e refugiados venezuelanos em sintonia com os princípios e seguranças do Sistema Único de Assistência Social”, ressaltou.