Estudo aponta que migrantes venezuelanos em Roraima pretendem permanecer no Brasil

Pela primeira vez, a pesquisa foi realizada em todos os 15 municípios do Estado (Ricardo Oliveira/Agência Amazônia)

24 de março de 2023

11:03

Bianca Diniz – Da Agência Brasil

BOA VISTA (RR) – O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e a Agência da ONU para as Migrações (OIM) divulgaram nessa quinta-feira, 23, os resultados da 7ª rodada da Matriz de Monitoramento de Deslocamento que revelam dados sobre a migração venezuelana no Estado de Roraima.

Pela primeira vez, a pesquisa sobre a Distribuição Temporal de Migrantes (DTM) foi realizada em todos os 15 municípios do Estado. O evento intitulado “Migração Venezuelana em Números”, promovido pelas organizações sediadas na Universidade Federal de Roraima (UFRR), apresentou dados coletados entre novembro e dezembro de 2022, fornecendo informações detalhadas sobre o fluxo migratório da população venezuelana para a região.

Crise humanitária e socioeconômica, na Venezuela, impulsionou a imigração de venezuelanos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A pesquisa é feita por meio de entrevistas, permitindo que as informações sejam sistematizadas em diversos níveis para apoiar na criação de políticas públicas baseadas em evidências. Em Roraima, a Agência da ONU faz o monitoramento desde 2017 com refugiados e migrantes venezuelanos. 

A pesquisa realizada com apoio da Pastoral dos Migrantes e da Secretaria de Estado do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) apresentou informações sobre o perfil sociodemográfico dos venezuelanos estabelecidos no Estado, incluindo dados sobre meios de vida, alimentação, moradia e saúde.

Pesquisa é feita por meio de entrevistas (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Resultados

  • A média de idade dos migrantes é de 24 anos, sendo 50% homens e 50% mulheres.
  • 43% possuem Ensino Médio completo e 62% se identificam como negros e pardos.
  • 68% viajaram em grupo e 95% não desejam deixar o País.
  • 77% possuem autorização de residência no Brasil.
  • 83% estão empregados no setor informal e 54% recebiam benefícios sociais, principalmente o Auxílio Emergencial ou Bolsa Família.
  • 78% residem em moradias alugadas e 39% das pessoas entrevistadas afirmaram não ter assegurado um lugar para viver no mês seguinte.
  • 59% relataram que alguém do seu domicílio precisou de atenção médica nos últimos três meses, enquanto 81% receberam atendimento de pré-natal no Brasil.
  • 27% dos entrevistados sofreram algum tipo de discriminação, principalmente por conta da nacionalidade (89%) ou situação econômica (7%).

Esses dados são fundamentais para a criação de políticas públicas adequadas às necessidades da população migrante e refugiada no País.

Pesquisa destaca necessidade de informações precisas para ajuda humanitária a refugiados e migrantes. (Bruno Mancinelle/OIM)

Niusarete Lima, coordenadora do Subcomitê Federal para Acolhimento e Interiorização (Sufai), enfatizou a importância de informações e evidências de qualidade para ajustar a atuação da resposta humanitária às necessidades de refugiados e migrantes. 

“Isto contribui para que o MDS continue trabalhando incansavelmente para garantir a acolhida de migrantes e refugiados venezuelanos em sintonia com os princípios e seguranças do Sistema Único de Assistência Social”, ressaltou.