24 de novembro de 2022

20:11

Gabriel Abreu – Da AGÊNCIA AMAZÔNIA

MANAUS – Há mais de 30 anos morando na capital amazonense, a família do cacique Ismael Munduruku, da Comunidade Parque das Tribos, na Zona Oeste de Manaus, nunca havia pisado em um estádio de futebol. Mas após 20 anos isso mudou e toda a família foi até a Arena da Amazônia acompanhar a estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo do Qatar, nesta quinta-feira, 24. A família, pé quente, assistiu em um telão montado no Podium a vitória por 2 a 0 do Brasil sobre a Sérvia.

“Eu tava muito apreensivo com esse jogo de hoje com a Sérvia, porque eu vi o técnico [da Sérvia] comentando sobre o Brasil estar com um ataque muito forte, mas ele ía colocar uma zaga muito forte e, durante o primeiro tempo, a zaga foi muito forte. Mas o Brasil conseguiu passar essa zaga forte da Sérvia e fez dois gols, dois golaços, é isso aí”, disse o cacique sobre a vitória da seleção. “Eu acho que cabia muito mais gol. Brasil jogou magnificamente bem, é isso. A torcida indígena e o cacique Munduruku em favor da seleção brasileira”, afirmou.

Ao perguntar se indígena gosta de futebol e vai torcer pelo Brasil na Copa do Mundo, ele respondeu: “Eu tenho certeza que em todo o lugar desse Amazonas e desse Brasil, os indígenas estão torcendo pelo Brasil, pela seleção brasileira, fazendo valer a nossa fé e a nossa torcida no País. Que venha o hexa”, frisou Munduruku.

Promessa

A ideia de acompanhar a partida da seleção brasileira em um estádio de futebol começou há 20 anos, quando Eliza Sateré, esposa do cacique Munduruku, estava grávida do seu primeiro filho. Segundo ela, o casal conversava com o filho mais velho, Porã Munduruku, prometendo a ele que ía levá-lo para assistir ao jogo em um estádio. Como apareceu a oportunidade, nesta quinta-feira, 24, a família foi até a Arena da Amazônia acompanhar a partida.

“Há 20 anos, eu estava grávida do meu primeiro filho, o Porã, e meu marido estava fazendo carinho na minha barriga, eu lembro que ele falou que daqui a quatro anos nos íamos para um estádio e iríamos assistir a um jogo da Copa, um jogo do Brasil, juntos. E aquilo mexeu comigo, não foi depois de quatro anos, mas foi depois de 20 anos”, disse Eliza.

Ela conta, ainda, que a expectativa é muito grande para que o Brasil ganhe o hexacampeonato. “É muito emocionante estar aqui com a minha família, com o meu filho, assistindo ao jogo do Brasil, e bem melhor com a vitória da seleção, e agora é comemorar a vitória do Brasil”, destacou Eliza.

Apreensiva

Ao longo de todo o primeiro tempo, onde o Brasil teve diversas chances para abrir o placar, Sarah Munduruku pareceu estar tensa e apreensiva. O jogo foi para o intervalo sem gols. Ao retornar para o segundo tempo, o goleiro da Sérvia deu o rebote e Richarlison abriu o placar aos 17 minutos.

A dobradinha se repetiu minutos depois e proporcionou o gol mais bonito da Copa até aqui. Vinicius Junior deu um passe de trivela e Richarlison acertou um lindo voleio para delírio da torcida e dos companheiros no banco de reservas. O 2 a 0 no placar é um resultado justo para o jogo do Brasil.

“Eu estou com muita expectativa, meu coração bateu a mil. O primeiro tempo acabou e não tinha gol, eu estava desesperada e veio o Richarlison e fez esses dois gols para nossa seleção brasileira e eu estou muito feliz. Agora, é só esperar que o hexa vem”, disse Sarah.

O próximo jogo do Brasil será na segunda-feira, 28, contra a Suíça. As duas seleções devem disputar o primeiro lugar do grupo G da Copa do Mundo do Qatar. Os suíços venceram o jogo de estreia em cima da seleção de Camarões por 1 a 0.