Feira da Reforma Agrária reúne empreendedores com diversidade de iguarias paraenses

A estrutura foi montada em frente ao mercado de São Brás, na praça Floriano Peixoto (Reprodução/Willys Lins)

20 de abril de 2023

18:04

Michel Jorge – Da Agência Amazônia

BELÉM (PA) – Com estrutura montada em frente ao mercado de São Brás, na praça Floriano Peixoto, a 7ª edição da Feira Regional da Reforma Agrária “Mamede Gomes de Oliveira” encerra nesta quinta-feira, 20. O evento é organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) em homenagem a um militante da agroecologia assassinado em dezembro de 2012.

A feira reúne diversos empreendedores de vários assentamentos do MST. Com uma diversidade de iguarias sem agrotóxicos, os que visitarem os estandes podem encontrar desde Tucupi preto a produtos de medicina natural.

Para Raimundo Nonato Filho, da direção estadual do Movimento Sem-Terra, no Pará, do setor de produção do MST, a feira regional Mamede Gomes iniciou de duas necessidades básicas. “Uma delas é dos camponeses terem seus alimentos comercializados, sair da mão do atravessador e ter um canal de comércio direto com a sociedade brasileira, e a outra foi do movimento incidir um debate, na sociedade brasileira, dos alimentos saudáveis, do alimento diversificado, dos alimentos produzidos pelas mãos calejadas, daqueles que necessitam da terra, ou seja, a terra para quem nela trabalha e o resultado da produção da qualidade de vida dos camponeses e de se ter boa produção”, disse.

Os que visitarem os estandes podem encontrar desde Tucupi preto a produtos de medicina natural (Reprodução/Willys Lins)

“As temáticas são muito de acordo com a conjuntura política atual que a gente vivencia. Então, a temática desse ano é por terra, democracia e meio ambiente. Terra, que é uma necessidade histórica dos camponeses terem acesso à terra e à democracia, porque nós vivemos um momento de ataque às democracias no mundo inteiro, mais especificamente no nosso País, e nós temos feito um debate importante no sentido de fortalecê-la, de fortalecer o acesso das populações a políticas públicas, ao direito à participação e ao meio ambiente, porque existe, principalmente, na Amazônia, uma voracidade do capital em torno de se apropriar daquilo que compõe o meio ambiente”, afirmou Raimundo.

Raimundo também enfatizou que a dificuldade de manter um evento dessa magnitude, dessa proporção, é a ausência da política pública. “Esse é o fundamental. Não existe uma política pública que dê um amparo, e há condições legais para que a gente faça mais eventos como esse; mas o MST tem feito seus esforços pessoais e uma série de articulações com outras organizações políticas urbanas, com algumas instituições, inclusive, com algumas prefeituras que têm nos apoiado nas nossas ações. Então, um conjunto de articulações que permite a nossa feira aqui na capital”, completou.

Evento é organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (Reprodução/Willys Lins)

Apoio

Por meio da Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém (Codem), a prefeitura de Belém apoiou a feira e cedeu barracas de lona para abrigar os produtores. 

Para Jane Cabral e Silva, da Coordenação Estadual do MST-PA, a feira é também uma forma de dialogar com a sociedade sobre a causa do movimento. “Estamos realizando a 7ª feira da Reforma Agrária popular, importante evento que o MST traz, anualmente, para Belém. O objetivo é dialogar com a sociedade sobre a luta pela terra a partir da alimentação saudável”, ressaltou.

Empreendedora expondo seus produtos (Reprodução/Willys Lins)


Mamede

Por volta das 17h de domingo, do dia 23 de dezembro de 2012, foi assassinado Mamede Gomes de Oliveira, histórico militante do MST do Estado do Pará, que tinha 58 anos. O “seu Mamede”, como era conhecido, foi morto dentro de seu lote, na região metropolitana de Belém, com dois tiros disparados por Luis Henrique Pinheiro, preso logo após o assassinato.

Nascido no Piauí, ele ainda criança foi para Pedreira, no Maranhão, e logo depois veio para o Pará. Atuou nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), no município de Ananindeua, antes de ir para a ocupação da Fazenda Taba, em 1999. Hoje, assentamento Mártires de Abril. Neste período, se tornou militante do MST.

Foi um grande defensor da Agroecologia, nunca abandonou a luta. Tinha certeza de como faria a sua ofensiva ao capital, e sempre foi um bom dirigente e educador.

Mamede era uma grande referência na prática da Agroecologia e criou o Lote Agroecológico de Produção Orgânica (Lapo), onde desenvolvia experiências de agricultura familiar para comercialização e consumo próprio.