Gastos oficiais do senador Plínio Valério em 2022 poderiam pagar 599 ‘Bolsas Família’, projeto que ele votou contra

Se somar os R$ 1.254.581,67 que o senador gastou em quatro anos, daria para pagar 2.090 bolsas (Mateus Moura/CENARIUM)

10 de dezembro de 2022

16:12

Mencius Melo – Da Agência Amazônia

MANAUS – O senador pelo Amazonas Plínio Valério (PSDB) foi um dos políticos a votar contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do “Bolsa Família”, na última quarta-feira, 7. Plínio alegou motivos econômicos para o “NÃO” que estampou no painel do Senado, mas, a CENARIUM apurou que seus gastos públicos, em 2022, até a data desta reportagem, são de R$ 359.957,97, o que daria para pagar 599 Bolsas Família no valor de R$ 600. Se somar os R$ 1.254.581,67 que o senador gastou em quatro anos, daria para pagar 2.090 bolsas.

Entre os gastos do senador estão despesas com aluguel de imóvel para escritório político, contratação de serviços de apoio ao parlamentar, passagens aéreas, aquáticas e terrestres nacionais. Na distribuição de custos, Plínio Valério gastou, dos recursos do Senado, em 2022, R$ 359.957,97. Em 2021, foram R$ 335.710.69. Em 2020, R$ 261.980,95 e, em 2019, R$ 296.932,06, perfazendo um total de R$ 1.254.581,67 em quatro anos de atuação.

Em uma rede social, o político elencou motivos que vão desde os limites de programas sociais a um compromisso com a história. O senador postou: “Votei não à PEC fura teto porque ela não está pedindo só o que é justo. O que é justo é o Auxílio Brasil e o Farmácia Popular. O PT está pedindo muito além do que é necessário. Meu compromisso também é com a história”, declarou Plínio Valério.

“Não estou votando contra o Bolsa Família. É mentira. Se os recursos para os extras são cerca de R$ 70 bilhões (bi), porque o PT quer R$ 145 bi, mais 23 bi de excesso de arrecadação?, questionou o parlamentar do PSDB. Em seguida, Plínio Valério lançou desconfianças sobre a estrutura administrativa do futuro governo. “Se está faltando dinheiro, por que o PT quer criar mais 13 ministérios?, indagou. Na sequência disparou: “PT quer nadar em dinheiro”.

Críticas

Com a postura, Plínio Valério foi criticado nas redes sociais. O político foi cobrado pelos bloqueios de recursos para a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e o Instituto Federal do Amazonas (Ifam). “E a história do corte no Ifam e na Ufam? Vai ficar só olhando para querer ser herói da história só a partir de 2023?”, questionou um usuário do Instagram em publicação na rede oficial do senador. “Ufam sem recursos porque Bolsonaro tirou dinheiro da Educação“, escreveu outra internauta.

Além de cobrar de Plínio Valério quanto a sua posição em relações aos bloqueios nas instituições federais de ensino superior, internautas não perdoaram o alinhamento de Plínio com o atual presidente Jair Bolsonaro (PL). O representante do Amazonas votou em conjunto com o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente. “Seu presidente furou 5 vezes o teto de gasto, não foi???? R$ 795 bilhões em 4 anos… e deixou o País quebrado. Crie vergonha na sua cara”, disparou.

Nas redes sociais, as críticas entraram em tom de cobrança por cortes e bloqueios de verbas a instituições de ensino e práticas orçamentárias do atual governo (Reprodução/Internet)

Mandato

Plínio Valério (PSDB) foi eleito, em 2018, numa disputa acirrada com Luís Castro, à época, da Rede, e Eduardo Braga (MDB). Chegou ocupando a primeira vaga, e Eduardo Braga ficou com a segunda. Foi empossado em janeiro de 2019, e de lá para cá pouco apareceu na mídia. Sua atuação no Senado reúne pautas como o “voto impresso”. Outra bandeira foi a CPI das ONGs, para investigar as organizações, seus recursos e atuações.

Das grandes comissões permanentes do Senado, Plínio Valério ocupa apenas cadeira na Comissão de Meio Ambiente. Conforme o Portal do Senado Federal, o parlamentar realizou 33 pronunciamentos, em 2022, 23, em 2021, 36, em 2020, e 76 em 2019. Plínio Valério gastou, dos recursos do Senado, em 2022, R$ 359.957,97. Em 2021, foram R$ 335.710.69. Em 2020, R$ 261.980,95 e, em 2019, R$ 296.932,06, perfazendo um total de R$ 1.254.581,67 em quatro anos de atuação.

Entenda a proposta

A proposta do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é de realinhar o programa social com objetivo de fazer girar a roda da economia e tirar do mapa da fome 33 milhões de brasileiros. A volta do Bolsa Família propõe um aporte de R$ 600 mensais de benefício e mais R$ 150 por criança de até seis anos. Um total de R$ 175 bilhões anuais, fora do teto. Na votação, o Senado aprovou, com 64 votos favoráveis, em cada um dos dois turnos, com 16 contrários no primeiro e 13 no segundo – a PEC 32/2022.