Ibama apreende 2 mil cabeças de gado em terra indígena no Pará

Operação iniciou no mês de agosto (Reprodução/Ibama)

19 de setembro de 2023

23:09

Daleth Oliveira – Da Agência Cenarium Amazônia

BELÉM (PA) – O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apreendeu mais 2 mil cabeças de gado ilegal na Terra Indígena (TI) Ituna-Itatá, localizada no Pará. A ação faz parte da operação Eraha Tapiro, iniciada no dia 17 de agosto.

Os agentes encontraram os animais, incluindo vacas, bois, bezerros e novilhas, em áreas com atividades embargadas. Apreendidos, os bovinos adultos serão transferidos para um frigorífico, enquanto os demais aguardarão em pastagens para o ciclo de engorda pasto.

Além da TI Ituna-Itatá, os rebanhos ilegais também foram encontrados nas terras indígenas vizinhas Koatinemo, do povo Asurini, e Trincheira Bacajá, do povo Xikrin. O Governo do Pará, informou que o gado estava sem registro no sistema da Agência de Defesa Agropecuária do Estado (Adepará), confirmando a situação irregular.

Criminosos reagiram e fugiram

Durante a operação, a equipe do Ibama enfrentou hostilidades por parte dos invasores responsáveis pelo gado ilegal. Os criminosos, que conseguiram fugir, reagiram danificando pontes, incendiando pastagens e ameaçando a população local. Agora, eles são considerados foragidos da Justiça.

A operação contou com uma equipe de 12 servidores e recebeu o apoio de 13 agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), cinco da Adepará, quatro da Força Nacional vinculada ao Ministério da Justiça, além de membros da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e da Polícia Federal (PF).

Envio de agentes da Força Nacional

Após os episódios de resistência às operações policiais, o Governo Federal autorizou nesta terça-feira, 19, o emprego da Força Nacional de Segurança Pública na Terra Indígena Ituna-Itatá. O objetivo é apoiar a Funai em ações indispensáveis à preservação da ordem pública e da integridade das pessoas e do patrimônio.

Equipes da Força Nacional ficarão 90 dias na TI Ituna-Itatá (Arquivo/Agência Brasil)

Agora, os agentes federais vão atuar por 90 dias na região do médio rio Xingu, onde está localizada a TI. Com esse apoio, a operação do Ibama permanecerá ativa até a total retirada de gado das terras indígenas e a desmobilização dos crimes ambientais na região.

Ituna-Itatá

Habitada por indígenas isolados, a Terra Indígena Ituna-Itatá é objeto da Ação Civil Pública N° 1000157-47.2022.4.01.3903, que determina à União a retirada de não indígenas do local. As terras utilizadas para criação de gado são desmatadas ilegalmente, caracterizando crime ambiental.

No período de 2019 a 2022, a Ituna-Itatá ocupou a segunda posição no ranking das terras indígenas mais desmatadas do Brasil. Devido aos índices alarmantes de desmatamento, o Ibama embargou mais de 21 mil hectares dentro dessa área.

Segundo o Ibama“os embargos e as notificações para retirada de gado vinham sendo descumpridos, e as invasões permaneciam, impedindo a regeneração da floresta com a criação do gado”.

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Editado por Jefferson Ramos