Jiboia ‘arco-íris’: cobra que brilha à luz do sol é encontrada em RO

O curioso efeito óptico não é apenas parecido com o que ocorre em um arco-íris, no céu, ou com as chamadas nuvens iridescentes. É a mesma coisa: refração da luz solar (Reprodução/Semma Vilhena)

19 de maio de 2022

21:05

Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) – O nome científico é Epicrates cenchria, mas chamá-la de Jiboia ‘arco-íris’ também é válido. Este nome popular não é à toa, pois a serpente exibe, justamente, um “show de cores” ao longo da pele. Trata-se de um fenômeno óptico conhecido como iridescência, como explica o biólogo Rafael Fonseca, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), de Vilhena, município do interior de Rondônia, onde o animal foi encontrado.

O resgate foi feito pelo Corpo de Bombeiros em uma área residencial da cidade. Depois, a cobra foi entregue aos cuidados de especialistas da prefeitura para, mais tarde, ser devolvida à natureza, “em boas condições de saúde”, de acordo com a Semma.  

O biólogo Rafael Fonseca explica que a espécie não representa perigo aos humanos (Reprodução/Semma Vilhena)

Iridescência

Rafael Fonseca esclarece que o brilho sobre o couro dessa espécie de jiboia é uma condição natural dela e acontece como uma reação à luz do sol.

“Essa jiboia se diferencia das outras espécies do gênero, pois, ela tem uma característica única: quando o raio solar bate em seu couro, a luz refletida tem as cores do arco-íris e acaba formando esse padrão lindo em suas escamas. Esse processo é chamado de iridescência, e daí vem o seu nome”, explicou.

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Espécie pode ser encontrada na Amazônia brasileira e em outras partes do planeta, como na Colômbia, Venezuela e América Central (Reprodução/Semma Vilhena)

O curioso efeito óptico não é apenas parecido com o que ocorre em um arco-íris, no céu, ou com as chamadas nuvens iridescentes. É a mesma coisa: refração da luz solar. “No caso da Jiboia ‘arco-íris’, o brilho resulta dos componentes cristalinos [cristais de guanina] que se acumulam nas escamas da espécie e funcionam como prismas que decompõem a luz em diferentes cores”, detalhou a Secretaria de Meio Ambiente.

Veneno pra quê?

Apesar de, no reino animal, exuberância ser, muitas vezes, sinônimo de alerta e ameaça, a Jiboia ‘arco-íris’ não segue esse padrão, já que não possui veneno. 

“Essa serpente também é conhecida por ser uma espécie constritora, ou seja, que comprime as presas. Sua dentição, chamada de áglifa, não possui o dente inoculador de veneno. Deste modo, suas presas são abatidas por constrição, ou seja, tirando o ar através do estrangulamento”, detalhou Fonseca.

Ainda de acordo com o assessor e biólogo da pasta de meio ambiente, o cardápio das Jiboias ‘arco-íris’ varia entre pequenos mamíferos roedores, anfíbios e algumas aves.

Reprodução e modo de vida

Engana-se quem pensa que a Jiboia ‘arco-íris’ bota ovos. Os filhotes, na verdade, são gerados na barriga da fêmea, que dá à luz a uma média de 20 filhotes, por ninhada, já completamente desenvolvidos. 

Além de habitar o Estado de Rondônia, essas cobras também podem ser encontradas em outras regiões da Amazônia brasileira e em outras partes do bioma pela Colômbia, Venezuela e, também, na América Central.

“Apesar das Jiboias ‘arco-íris’ não estarem ameaçadas de extinção, são animais muito procurados para cativeiros e merecem uma atenção especial para continuar sobrevivendo na natureza. Esta, em especial, nós fizemos o monitoramento por alguns dias após o resgate e, como estava em boas condições de saúde, a devolvemos para seu habitat natural, em segurança”, disse a titular da Semma, em Vilhena, Marcela Almeida. 

“É um animal incrível que mostra a biodiversidade que temos em Vilhena e as maravilhas da natureza que precisamos preservar”, finalizou a secretária.