Justiça de Goiás autoriza transferência do ex-senador Telmário Mota para Roraima

Ex-senador é investigado por ser o mandante do assassinato de Antônia Sousa (Geraldo Magela/Agência Senado)

10 de novembro de 2023

00:11

Winicyus Gonçalves – Da Agência Cenarium Amazônia

BOA VISTA (RR) – A Justiça estadual de Goiás autorizou, na manhã desta quinta-feira, 9, a transferência do ex-senador Telmário Mota (Solidariedade) de Goiás para Roraima. O ex-senador é suspeito de ter mandado matar a mãe da própria filha, e foi preso em Nerópolis (GO) em outubro deste ano. De acordo com a Polícia Civil, estão sendo realizadas as tratativas administrativas para a transferência do ex-senador.

Suspeito de ser o mandante do assassinato de Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos, mãe da filha do ex-senador, Telmário estava preso em Goiás desde o dia 30 de outubro. Ele se diz inocente e a defesa classificou a prisão como “desproporcional”.

Antônia foi assassinada com um tiro na cabeça em 29 de setembro deste ano, quando saía de casa para trabalhar, por volta das 6h30, no bairro Senador Hélio Campos, Zona Oeste de Boa Vista, capital de Roraima. A vítima era uma das principais testemunhas sobre as investigações que envolviam uma acusação de estupro contra o ex-senador, segundo a Justiça. A denúncia foi feita pela filha dele em 2022. A mulher foi morta três dias antes de uma audiência sobre o caso, conforme a Justiça.

Na noite de quarta-feira, 8, o sobrinho dele, Harrison Nei Correa Mota, conhecido como “Ney Mentira”, de 49 anos, se entregou para a Polícia Civil. Ele, de acordo com as investigações da Polícia Civil, foi o responsável pela execução do crime. Em interrogatório, que durou cerca de três horas, ele negou ter participado do crime. Em seguida, o suspeito foi conduzido para o Instituto Médico Legal (IML), onde passou por exame de integridade física.

“Eu estava no mato intocado. Não tinha advogado, e o meu pai foi quem disse que me ajudaria, porque eu não devo nada nesse crime. A motocicleta, eu comprei para a Cleidiane e entreguei para ela. Ela me deu R$ 4 mil reais e ganhei 500 de comissão. O dinheiro era dela. Eu estava com medo, um monte de acusação contra mim, de que planejei crime. Eu não devo nada disso, já fiz coisas erradas, mas já paguei na Justiça. Não passei arma para a Cleidiane e nem tive contato com o ex-senador”, disse “Ney Mentira”.

“Ney Mentira” era considerado foragido desde o dia 30 de outubro, quando foi deflagrada a operação “Caçada Real”. Na terça-feira, 7, a Polícia Civil havia pedido ajuda da população para localizá-lo. Além do assassinato de Antônia, o sobrinho de Telmário já responde na Justiça a outros crimes, como estelionato, furto qualificado, crimes de trânsito, apropriação indébita, associação criminosa e roubo majorado.

Segundo a investigação da Delegacia Geral de Homicídios (DGH), “Ney Mentira” recebeu ordens do tio para cuidar de tudo que levaria ao assassinato de Antônia. Essas ordens teriam sido repassas durante uma reunião na fazenda “Caçada Real”, propriedade do ex-senador, onde a Polícia Civil fez buscas. O suspeito era comissionado no governo, mas foi exonerado após operação. Ele foi apresentado em Audiência de Custódia na manhã desta quinta-feira, 9.

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Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga