Justiça do AM revoga prisões de Isabelly Aurora e Lucas Picolé, denunciados por venda ilegal de rifas

Lucas Picolé e Isabelly Aurora. (Edição: Mateus Moura)

20 de outubro de 2023

14:10

Marcela Leiros – Da Agência Amazônia

MANAUS (AM) – A Justiça do Amazonas, por meio da juíza Aline Kelly Ribeiro Marcovicz Lins, da 4ª Vara Criminal de Manaus, revogou, nessa quinta-feira, 19, as prisões domiciliar e preventiva de Isabelly Aurora Simplício Souza e João Lucas da Silva Alves, respectivamente, influenciadores digitais denunciados pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) por envolvimento na venda ilegal de rifas na internet.

João Lucas, conhecido como “Lucas Picolé”, estava preso desde o último dia 5 de julho, e Isabelly Aurora Simplício Souza cumpria prisão domiciliar desde 17 de julho. Entre os crimes apontados pelo MP-AM estão organização criminosa, estelionato, promover ou fazer extrair loteria, sem autorização legal, lavagem de capitais, entre outros.

Sem apontar as razões para revogação das prisões, a magistrada impõe medidas cautelares como: o comparecimento obrigatório em juízo, no primeiro dia útil de cada vez; proibição de se ausentar de Manaus até o fim do processo; proibição de fazer ou divulgar rifas ou qualquer jogo de azar; e proibição de mencionar, nas redes sociais, o processo em tramitação.

Ambos os réus também ficam obrigados a participar do Projeto Reeducar, do Tribunal de Justiça do Amazonas (Tjam), que oferece cursos de capacitação profissional a ex-presidiários beneficiados pela liberdade provisória, para que não cometam novos delitos enquanto aguardam julgamento. Em caso de descumprimento das medidas cautelares, a prisão preventiva pode ser decretada.

Trecho da decisão judicial. (Reprodução/Tjam)
 Denúncia

Conforme o delegado Cícero Túlio, da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), responsável pelas investigações, os trabalhos policiais iniciaram no início deste ano, tendo sido apurado a existência de uma organização criminosa responsável por gerir um esquema de rifas clandestinas e ilegais, promovendo, em seguida, a dissimulação e lavagem de dinheiro oriundo das práticas criminosas.

O procedimento culminou na articulação da Operação Dracma, dividida em duas fases e deflagradas nos dias 29 de junho e 5 de julho deste ano. Durante análise nos equipamentos eletrônicos dos indiciados, foi constatado que eles manipularam a escolha dos ganhadores dos sorteios. Ao concluir o inquérito, o delegado indiciou oito pessoas por 11 crimes distintos.

Identificamos que quatro influenciadores digitais de Manaus, sendo eles Aynara Ramilly, Enzo Felipe da Silva Oliveira, 24, conhecido como “Mano Queixo”; Isabelly Aurora Simplício Souza, 21; e João Lucas da Silva Alves, 24, conhecido como “Lucas Picolé”, mantinham um esquema de divulgação e promoção dos jogos de azar, dissimulando os recursos decorrentes das vendas de bilhetes eletrônicos por meio da lavagem de dinheiro”, disse o delegado, na época.

Da esquerda para direita: Lucas Picolé, Mano Queixo e Isabelly Aurora (Divulgação)
Como funcionava a associação criminosa

Além de Isabelly Aurora e Lucas Picolé, o MP-AM denunciou, no mês de setembro, Enzo Felipe da Silva Oliveira, o Mano Queixo, Aynara Ramilly Oliveira da Silva, Flávia Ketlen Matos da Silva (cunhada de Lucas Picolé), Paulo Victor Monteiro Bastos e Isabel Cristina Lopes Simplício (ex-companheiro e mãe de Isabelly Aurora), assim como Marcos Vinícius Alves Maquiné. Todos os oito denunciados já haviam sido indiciados pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), por meio da Operação Dracma.

De acordo com o delegado, durante as investigações, foi possível identificar que Paulo Victor Monteiro Bastos e Isabel Cristina Lopes Simplício auxiliavam na lavagem de dinheiro e ocultação de recursos, além de emprestarem suas contas correntes para receber os valores das vendas.

Delegado Cícero Túlio. (Foto: Erlon Rodrigues/PC-AM)

Marcos Vinicius Alves Maquiné foi indiciado após se apresentar à polícia e confidenciar que cerca de R$ 1 milhão teria passado por sua conta no esquema de lavagem de dinheiro, tendo ainda viabilizado a compra de um veículo Toyota Hillux, apreendido durante a segunda fase da Operação Dracma.

Ainda segundo o delegado, Flávia Ketlen Matos da Silva, 34, era responsável por gerenciar a lavagem do dinheiro e escoar os recursos oriundos das rifas do cunhado, dissimulando todo dinheiro na manutenção de uma loja de roupas falsificadas.

Edição por Eduardo Figueiredo

Revisão por Gustavo Gilona