Liderança religiosa no DF, Mãe Baiana recebe prêmio por combate à violência contra mulheres

Mãe baiana foi candidata a deputada pelo. (Mãe Baiana no Facebook)

09 de novembro de 2023

14:11

Marcela Leiros – Da Agência Amazônia

MANAUS (AM) – Adna dos Santos, mais conhecida como Mãe Baiana de Oyá, ganhou nessa quarta-feira, 8, o Prêmio FAC Cultura Mulher, que reconhece e celebra mulheres notáveis do Distrito Federal com contribuições significativas no cenário cultural e no combate à violência contra a mulher. Militante dos Direitos Humanos há mais de 40 anos, ela dirige o terreiro de candomblé Ylê Axé Oyá Bagan, localizado no Núcleo Rural Tamanduá, na Serrinha do Paranoá.

A cerimônia ocorreu no Cine Brasília, na capital federal. “É com muita alegria que recebo esse prêmio que reconhece mulheres fazedoras de cultura. Eu, @maedoradeoya e Ekedi @steffanieoliveira, todas mulheres de terreiro, atuamos pela cultura de matriz africana no DF e recebemos esse premio das mãos do secretário de cultura @claudio_abrantes“, afirmou em uma publicação na rede social Instagram.

Mãe Baiana (no centro, de roupa branca) no evento que a premiou. (Reprodução/Instagram)

Segundo o governo do Distrito Federal, a celebração destaca o papel vital que as mulheres desempenham em suas comunidades e na promoção da cultura e igualdade de gênero. O prêmio abrange as categorias geral, PcD, acima de 60, negras, quilombolas e indígenas, além de entidades.

A iniciativa é fruto de edital que destinou recursos de R$ 800 mil do Fundo de Apoio à Cultura para reconhecer o trabalho dessas mulheres e entidades. A premiação incluiu prêmios de R$ 10 mil para 50 agentes culturais mulheres e R$ 30 mil para dez entidades culturais que se destacaram no enfrentamento, prevenção ou combate à violência contra as mulheres por meio da cultura.

Adna dos Santos, Mãe Baiana, recebeu o Prêmio FAC Cultura Mulher. (Reprodução/Instagram)
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Quem é Mãe Baiana

A liderança religiosa já atuou na Fundação Cultural Palmares, onde foi chefe da Divisão de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Cultural Palmares. No cargo, implementou o Mapeamento de Terreiros, defendendo projetos de incentivo à cultura negra, pelas matrizes africanas e respeito às minorias.

Em 2022, filiada ao PSB, se candidatou ao cargo de deputada federal pelo Distrito Federal, obtendo 3.050 votos. Em outubro deste ano, recebeu esse título de doutora honoris causa pela Ordem dos Capelães do Brasil. “É muito importante para nós, comunidades tradicionais de matrizes africanas e ameríndias, essa honraria porque nos ajuda na manutenção da nossa forma de viver e no combate ao racismo religioso“, disse.

Mãe Baiana foi candidata a deputada (Mãe Baiana no Facebook)
Luta contra intolerância

Umas das lutas de Mãe Baiana é contra a intolerância religiosa, que cresceu 173% no Brasil, em três anos. Os dados foram divulgados no “Relatório sobre Intolerância Religiosa: Brasil, América Latina e Caribe“, publicação organizada pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas e pelo Observatório das Liberdades Religiosas, com apoio da Representação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil.

O estudo teve como fonte dados apresentados pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), e pelo portal Disque 100, do extinto Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos, que mostraram 477 casos de intolerância religiosa em 2019, 353 registros em 2020 e 966 ocorrências em 2021, um aumento de 173% em três anos. Os números de 2022 não foram informados.

A pesquisa indicou que as religiões de matriz africana são as mais atingidas pela intolerância. Em 2020, foram notificados 86 casos e 244 ocorrências em 2021.

Edição: Eduardo Figueiredo

Revisão: Gustavo Gilona