19 de fevereiro de 2021
13:02
Bruno Pacheco
MANAUS – O policial militar Jeremias Silva de 27 anos, principal suspeito de assassinar a atriz e professora Manuella Otto, de 25 anos, foi apresentado na Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) nesta sexta-feira, 19. No local, familiares e amigos clamavam por Justiça a favor da mulher trans e militante da comunidade LGTBQIA+ no Amazonas.
Indignada, a mãe de Manuella, Hilma Silva, pediu que o caso da filha não se torne mais um nas estatísticas de violência. Ela ainda fez um apelo por mais direito e igualdade nas diligências do caso. “Peço Justiça, condenação e expulsão. A polícia é para prender, não para aterrorizar e fazer o que fizeram com minha filha”, disse.
Além da mãe de Manuella, a comunidade LGTBQIA+ de Manaus também compareceu até a delegacia especializada com cartazes para protestar contra a transfobia e pressionar as autoridades para dar resolução ao caso. A líder do movimento trans, Bruna La Close, fez um desabafo.
“Seja lá o que ela fez, nada justifica o assassinato. A polícia prende, mas a Justiça solta. Pela nossa luta, jamais poderíamos deixar isso passar. Nosso movimento precisa e deve ir às ruas e pedir Justiça. A Manuella era uma pessoa de bem, sempre contribuiu com Manaus e a família. Sua mãe é maravilhosa, uma pessoa de bem”, explicou Bruna.
O crime
O crime ocorreu na madrugada do dia 13 de fevereiro deste ano em um motel da Zona Norte de Manaus. E apenas no dia 14, Jeremias se apresentou para prestar esclarecimentos após imagens de câmeras de segurança do estabelecimento constatarem que o carro das gravações pertencia a ele.
De acordo com informações da DEHS, durante depoimento na corporação militar, Jeremias optou pelo silêncio e foi solto. Desta forma, na quarta-feira, 17, a Justiça do Amazonas expediu o mandado de prisão preventiva contra o policial. Segundo o delegado titular da DEHS, Charles Araújo, a polícia realizou buscas para apreender o suspeito.
Assista ao vídeo:
“Em conversa com os advogados, conseguimos fazer com que ele se apresentasse e fosse cumprido esse mandado de prisão. Coube a nossa equipe de investigação conseguir provas. Assim obtivemos fotos que comprovam fatos materiais. Baseado nessas informações, a DEHS solicitou a prisão preventiva, cumprida na tarde de ontem”, explicou Araújo.
Justiça
Nesta semana, a Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Amazonas (Assotram), por meio da presidente Joyce Gomes, de 30 anos, repudiou o crime e a forma como ele foi disseminado na mídia. Para ela, isso é um reflexo da violência que a comunidade trans passa diariamente.
“Não basta o crime de uma forma bárbara, algumas mídias noticiaram o fato de um jeito negativo, pejorativo, deslegitimando nossas identidades e a da vítima. Isso carrega uma negatividade dando espaço para comentários maldosos causando mais dor para a família”, lamentou Joyce.