Malária cresce no território Yanomami e atinge cidades de Roraima

Casos de malária aumentam entre os indígenas Yanomami (Luis Oliveira/Ministério da Saúde)

26 de abril de 2023

20:04

Bianca Diniz – Da Agência Amazônia

MANAUS (RR) – O Estado de Roraima apresentou uma redução de 350 casos de malária, em 2022, em comparação com o ano anterior, de acordo com informações divulgadas pelo Sistema de Informações de Vigilância Epidemiológica da Malária, vinculado ao Ministério da Saúde (MS). No entanto, houve um aumento alarmante de 11,4% nos casos da doença na Terra Indígena Yanomami (TIY). O anúncio foi feito na terça-feira, 25, durante o lançamento de uma campanha de prevenção e combate à malária na Região Amazônica.

Para ampliar o alcance da campanha de prevenção e combate à malária em áreas vulneráveis, a Saúde está lançando uma iniciativa de divulgação em diversos meios de comunicação. A malária é uma doença infecciosa transmitida pelo mosquito Anopheles e afeta, principalmente, os Estados do Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins que, juntos, respondem por cerca de 99% dos casos registrados no País.

Malária atinge Estados da Amazônia (Divulgação/Sesau)

O Núcleo de Controle da Malária (NCM) divulgou um levantamento alarmante sobre a incidência da doença, em Roraima, apontando que os municípios de Caracaraí, Iracema, Mucajaí, Alto Alegre e Amajari, incluindo a Terra Indígena Yanomami (TIY), apresentam a maior taxa de casos de malária no Estado. A capital, Boa Vista, registrou um total de 12.590 casos positivos, em 2022, mas não apresentou uma incidência significativa.

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No entanto, os números deste ano já começam a preocupar. Até o momento, a prefeitura de Boa Vista notificou 4.095 casos positivos de malária, em 2023, sendo que somente em janeiro deste ano foram registrados 1.282 casos.

Segundo o representante do Núcleo de Controle da Malária de Roraima (NCM-RR), Gerson Castro, o controle da doença no Estado consiste na adoção do diagnóstico precoce e pronto tratamento dos casos, planejamento e implementação de medidas seletivas e sustentáveis de controle. “Houve um comprometimento da Gerência Nacional para que os desafios sejam alcançados e, assim, colocar recursos para a aquisição de equipamentos para fazer com que aumente a nossa rede de laboratórios”, comentou Castro.

Malária na TI Yanomami

Apesar da redução geral na transmissão da malária, em Roraima, entre 2021 e 2022, o Ministério da Saúde emitiu um alerta preocupante sobre o aumento alarmante de 11,4% nos casos da doença na Terra Indígena Yanomami (TIY) e pode estar relacionado com a invasão ilegal de garimpeiros na região.

Os Yanomami enfrentam doenças causadas pela expansão do garimpo ilegal (Fernando Frazão/Agência Brasil)

De acordo com dados do Ministério, os casos na região Yanomami passaram de 20.554 para 22.889, em 2022, evidenciando a necessidade de medidas urgentes para proteger a saúde dos indígenas que vivem na área afetada.

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Para combater o aumento dos casos de malária, na região, o MS enviou 171,9 mil testes rápidos para malária para Estados e Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), em fevereiro de 2023, com previsão de entrega de mais 300 mil testes ao longo deste ano.

Sobre a doença

De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a malária é uma doença também conhecida como paludismo. É transmitida por meio da picada do mosquito Anopheles infectado com uma ou mais espécies de protozoários do gênero Plasmodium. Os sintomas comuns da malária incluem febre intermitente, cansaço, mal-estar, enjoo, tontura, dor de cabeça, dores no corpo, perda do apetite e pele amarelada.

Se não for diagnosticada e tratada corretamente, a malária pode evoluir para formas graves, especialmente, em casos de infecção pelo Plasmodium falciparum, considerado o mais agressivo. Os sintomas da forma grave da doença incluem prostração, alteração da consciência, dispneia ou hiperventilação, convulsões, hipotensão arterial ou choque e hemorragias.

Prevenção e combate

Segundo informações do NCM-RR, a rede de saúde disponibiliza o teste em diversas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), em Boa Vista, como Sílvio Botelho, Caranã, Olenka Macellaro, Asa Branca, Sayonara, Buritis, Pricumã e 13 de Setembro, além do Hospital da Criança Santo Antônio. Também é possível ter um diagnóstico em unidades estaduais como a Maternidade Nossa Senhora de Nazareth, Hospital Geral de Roraima (HGR) e Pronto Atendimento Cosme Silva.

A Secretaria de Saúde de Roraima (Sesau) informou que todos os municípios possuem uma equipe multiprofissional, veículos, equipamentos e medicamentos necessários para combater a doença.