MPF investiga invasão de missionários de Roraima na Terra Indígena Zo’é no Pará

Imagem aérea de parte da comunidade indígena Zo'é, no Pará (Reprodução/Iepe)

05 de junho de 2023

19:06

Bianca Diniz – Da Agência Cenarium

BOA VISTA (RR) – O Ministério Público Federal (MPF) anunciou a abertura de investigação, na sexta-feira, 2, para apurar uma invasão de missionários na Terra Indígena (TI) Zo’é, localizada no município de Óbidos, no norte do Pará. A denúncia foi apresentada pela Coordenação da Frente de Proteção Etnoambiental Cuminapanema, órgão vinculado à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

De acordo com o MPF, um grupo de indígenas da etnia Tiriyó, da Aldeia Boca do Marapi, informou, por meio de um documento, que cerca de cinco ou seis missionários do Estado de Roraima, em conjunto com alguns indígenas, foram vistos caminhando em direção ao rio Erepecuru para acessar a TI Zo’é nos próximos dias.

Órgão vinculado à Funai apresentou a denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) (Ibama/Reprodução)

O procurador da República, em Santarém e Itaituba, Gustavo Alcântara, destaca que esse tipo de ocorrência causa sérios danos à vida das comunidades indígenas. “A invasão de terceiros interessados em realizar contato não autorizado e não desejado pelos indígenas foi fator central na ocorrência de epidemias e genocídio contra esses povos”, alerta Gustavo.

O procurador Gustavo Alcântara alerta sobre a existência de danos à vida (Roque de Sá/Agência Senado)

Segundo o órgão, o procurador acionou o Departamento da Polícia Federal (PF-PA) para realizar investigações sobre a possibilidade de invasão diante do caso em questão. Além disso, Alcântara solicitou informações à Funai sobre a identidade dos missionários envolvidos.

Terra Indígena Zo’é

A Terra Indígena Zo’é possui uma área com, aproximadamente, 671 mil hectares que foi oficialmente homologada por meio de decreto em dezembro de 2009, segundo informações do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Instituto Iepé).

Terra Indígena Zo’é foi homologada, oficialmente, em 2009 (Instituto Iepé/Reprodução)

Segundo o instituto, os Zo’é foram encontrados por missionários da “Missão Novas Tribos”, em 1987, e assistidos em exclusividade pela Funai desde 1991, sendo mostrados ao mundo pela imprensa como um dos últimos povos intactos na floresta amazônica. 

Os Zo’é estão organizados em quatro grupos locais chamados “Iwan”. Cada um desses grupos ocupa áreas específicas dentro do território. Cada grupo é composto por famílias extensas que vivem em aldeias próximas. A composição dessas famílias está em constante mudança devido a alianças matrimoniais e parcerias estabelecidas para ocupar novas áreas.