‘Muito triste, estava confiante na vitória’, lamenta indígena após derrota do Brasil para a Croácia

Cacica-geral do Parque das Tribos, Lutana Kokama (Ricardo Oliveira/CENARIUM)

09 de dezembro de 2022

20:12

Gabriel Abreu – Da Agência Amazônia

MANAUS – O sentimento é de tristeza para mais de 215 milhões de brasileiros que assistiram, nesta sexta-feira, 9, a Seleção Brasileira de Futebol ser derrotada pela Croácia nos pênaltis. No Amazonas, indígenas do Parque das Tribos, Zona Norte de Manaus, lamentaram a derrota, quase não acreditando que o Brasil foi eliminado nas quartas de final, mais uma vez, por uma seleção europeia.

Para o time ser hexacampeão, era preciso não ser eliminado pela sexta vez nas quartas de final da Copa do Qatar, mas a seleção de 2022 não conseguiu quebrar a barreira, ao ser assistida no estádio Cidade da Educação, na capital Doha, por 44 mil torcedores, a maioria, de verde e amarelo.

O que eu tenho para falar é que eu tô muito triste, por esse motivo, do nosso Brasil perder nas quartas de final, e espero que daqui há quatro anos ele venha ganhar e surpreender. Ele se deu por perdido, mas não por vencido”, lamentou a cacica-geral do Parque das Tribos, Lutana Kokama.

Lamentação da cacica-geral do Parque das Tribos (Ricardo Oliveira/CENARIUM)

Sem acreditar

Até o gol do Neymar, a líder indígena estava confiante de que estaríamos com a vaga na semifinal da Copa do Mundo do Qatar de 2022.  “Estava muito confiante de ver o Neymar fazendo o gol, mas infelizmente ainda não acreditei que a Croácia conseguiu empatar”, afirmou Lutana.

Quem também estava na expectativa que a seleção brasileira chegasse até a final da Copa era Sarah Munduruku, a jovem indígena nunca viu o Brasil ser campeão. Quando a seleção canarinho venceu o mundial de 2022, ela ainda não era nascida.

Fiquei muito triste, mas o meu sonho de ver o Brasil ganhar uma Copa continua. Vai ter que ficar para a próxima, que será nos Estados Unidos. Eu estava confiante, a seleção ainda marcou um gol com o Neymar, mas não deu e não podemos deixar de acreditar, vai que em 2026 nós alcancemos o tão sonhado hexa”, disse emocionada a jovem de 13 anos.

Sarah Munduruku se emocionou com a derrota da seleção brasileira nesta sexta-feira, 9 (Ricardo Oliveira/CENARIUM)

O jogo

No primeiro momento da partida, a seleção perdeu tempo estudando o adversário. Tanto que, só aos 20 minutos, em uma jogada individual de Neymar, o Brasil incomodou a defesa croata. O chute, no entanto, saiu fraco e no meio do gol. A lentidão caracterizou os 45 minutos iniciais e a boa marcação na intermediária dificultou a infiltração da seleção. Para piorar, os croatas eram rápidos no contra-ataque, tentando sempre o cruzamento para Perisic.

Aos 41 minutos, Neymar cobrou uma falta com curva e, novamente, o goleiro Livakovic encaixou, sem problemas. Como se fosse um jogo de xadrez, o irritante empate em 0 a 0 foi mantido até o final do primeiro tempo, sem que ninguém tivesse uma oportunidade clara de gol e, o mais preocupante para o Brasil, sem que o ponta Raphinha conseguisse aparecer na partida.

Em cinco jogos nesta Copa, foi a quarta vez que o placar em branco permaneceu durante os 45 minutos iniciais. As palavras de Tite e de Zlatko Dalic, nos vestiários, seriam decisivas para definir o vencedor.

Após 1 a 1 na prorrogação, seleção é superada por 4 a 2 (Reprodução/Fifa)

Mudanças

Após o intervalo, aos dois minutos do segundo tempo, Richarlison, na pequena área, completou um cruzamento rasteiro e o goleiro Livakovic tirou com o pé. Aos 9 minutos, novamente, Livakovic impede um gol de Neymar com o pé direito. E, como era previsto, Tite tirou o inoperante Raphinha, colocando Antony; substituiu Vinícius Júnior por Rodrygo; e trocou Richarlison por Pedro.

Aos 20 minutos, mais uma chance desperdiçada: Paquetá brigou pela bola dentro da área e Livakovic colocou à córner (escanteio). Aos 34 minutos, foi Paquetá quem chutou rasteiro e Livakovic encaixou firme. O Brasil não estava inspirado, mas as alterações melhoraram a equipe, embora não como Tite imaginava. Ou seja, tudo facilitava a marcação croata, especialmente, a ausência de chutes de fora da área da seleção. Por outro lado, era visível que os europeus empurravam a partida para a prorrogação.

O objetivo da Croácia foi alcançado. Mais meia hora de jogo (algo corriqueiro para a equipe de Zlatko Dalic, que também enfrentou prorrogação e pênaltis contra o Japão nas oitavas de final) e a partida continuou com a linha de ataque brasileira batendo no muro croata. Até que, aos 15 minutos do primeiro tempo extra, Neymar fez tabelinha com Paquetá, recebeu na frente, driblou Livakovic e chutou no alto. Era o gol do Brasil! 1 a 0!

Prorrogação

No segundo tempo da prorrogação, quem ficou com a posse de bola foi a Croácia. Afinal, seus jogadores precisavam atacar, pela primeira vez, durante o jogo. E não foi difícil para a vice-campeã empatar a partida. Em apenas 11 minutos, eles chegaram ao gol: cruzamento rasteiro da esquerda, Petkovic chutou, a bola desviou em Marquinhos e tirou as chances de defesa de Alisson: 1 a 1. Em seguida, vieram os pênaltis que eles tanto queriam.

Tite errou até mesmo na ordem dos pênaltis. Neymar, o melhor cobrador, foi colocado para bater apenas o quinto tiro e acabou nem tendo a vez. Vlasic, Majer, Modric e Orsic fizeram quatro gols. O Brasil desperdiçou logo a primeira cobrança, com Rodrygo chutando nas mãos de Livakovic. Casemiro e Pedro ainda fizeram seus gols, mas Marquinhos bateu mal, acertando a trave.

A Croácia conseguiu fazer o que sempre fez; eliminou mais uma seleção nos pênaltis. Em 2018, bateu a Dinamarca e a Rússia dessa forma. Em 2022, deixou para trás o Japão e o Brasil. O hexa não veio, mas a sexta eliminação nas quartas de final foi consumada, assim como em 1954, 1986, 2006, 2010 e 2018.

Nos pênaltis, a Croácia venceu por 4 a 2, gols de Vlasic, Majer, Modric e Orsi, contra um de Casemiro e outro de Pedro. Rodrygo e Marquinhos desperdiçaram suas cobranças.