Mulher que arremessou cachorros por cima de muro alega ‘surto psicótico’

A médica veterinária Caroline Gonçalves foi indiciada por maus-tratos de animais (Reprodução/Redes Sociais)

30 de novembro de 2023

13:11

Adrisa De Góes – Da Agência Amazônia

MANAUS (AM) – A médica veterinária e proprietária de um hotel destinado a cachorros, Caroline Monteiro Carneiro Gonçalves, 31, foi indiciada pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) após arremessar três cachorros pelo muro, no bairro Parque 10, Zona Centro-Sul de Manaus. De acordo com a delegada que investiga o caso, Juliana Viga, em depoimento, a indiciada justificou os atos ao alegar transtornos psicológicos, como depressão e surto psicótico.

A identidade da indiciada foi confirmada à REVISTA CENARIUM por uma fonte que teve acesso aos registros policiais. O caso é investigado pela Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente e Urbanismo (Dema), após denúncia feita por moradores da localidade. De acordo com a delegada Juliana Viga, titular da unidade, a alegação sobre supostos transtornos mentais terá que ser comprovada no processo.

“As câmeras de segurança da vizinhança registraram o momento em que os animais foram arremessados, na segunda-feira [27], e uma moradora disponibilizou as filmagens ao buscar a delegacia para registrar a denúncia no dia seguinte. (…) Em depoimento, ela alegou estar passando por depressão e surto psicótico e, por este motivo, teria arremessado os cachorros por cima do muro. Ela terá que comprovar, por meio de laudos psiquiátricos, a veracidade desta justificativa”, disse a delegada.

Imagens de câmeras de vigilância mostram o momento em que três cães são arremessados por cima do muro do estabelecimento. Os animais, que são de propriedade da investigada, aparentam baixo peso corporal e falta de cuidados básicos, como o corte das unhas. A reportagem entrou em contato com o Conselho Regional de Medicina Veterinária no Amazonas (CRMV-AM) para saber quais atitudes devem ser tomadas e aguarda resposta.

Animais foram resgatados em grave estado de desnutrição (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Uma moradora que registrou a ocorrência se disponibilizou a cuidar dos animais abandonados. Após indiciamento, a médica veterinária vai ficar à disposição da Justiça, que deve decidir quanto ao fechamento do hotel para cachorro.

Casos à tona

Após a repercussão do caso no Instagram, uma mulher expôs a experiência com o estabelecimento após contratar os serviços de hotelaria. O relato foi publicado como comentário na rede social de uma parlamentar do Estado. Ela conta que, em 2018, fechou um pacote de 45 diárias de hospedagem, além de 15 sessões de hidroterapia, que custaram o valor de R$ 2.100.

“No terceiro dia de hospedagem, eu pedi, por mensagem, para visitar meu cachorro e eles não deixaram eu vê-lo. Fui, pessoalmente, no hotel e eles não queriam me deixar vê-lo, dizendo que tinha que marcar horário. Começou uma discussão e a proprietária veio para cima de mim, e ela só não me agrediu porque meu esposo ficou na minha frente. Depois de ameaçar chamar a polícia, eles entregaram o cachorro”, escreveu.

No relato, a mulher afirma que recebeu o animal com a coluna fraturada. Quando chegou ao estabelecimento, o cão, da raça bulldog, foi entregue somente com displasia – doença que afeta o quadril. Após a devolução, a tutora precisou eutanasiar o cachorro por recomendação veterinária.

Relato de usuária de rede social expõe experiência em hotel pet de médica veterinária indiciada por maus-tratos a animais (Reprodução/Redes Sociais)
Denúncia

A responsável pelo abrigo Adote com Amor, que preferiu não ter o nome mencionado nesta reportagem, disse à CENARIUM ter estranhado quando viu o quanto os cachorros estavam debilitados e sem força para se locomover. A testemunha afirmou que, após o ocorrido, outro proprietário do hotel teria pedido a ela para abrigar os animais.

“Eu achei estranho terem aparecido três animais juntos na situação em que os animais estavam, porque eles estão esqueléticos. São animais que não comem há muito tempo, ou comem uma quantidade irrisória. Aí eu pedi para o meu vizinho puxar as [imagens das] câmeras, porque esses animais não podem ter vindo andando, eles nem aguentam andar muito”, afirmou.

A equipe de reportagem tentou contato com o hotel para cães mencionado na denúncia, mas não obteve retorno.

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Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga