13 de fevereiro de 2023
20:02
Mencius Melo – Da Agência Amazônia
MANAUS – Entre as obras que marcaram a passagem de Amazonino Mendes pela vida política do Amazonas, o bumbódromo de Parintins se destaca. Inaugurado em 1988, o Centro Cultural Amazonino Mendes, assim batizado à época, teve que mudar de nome por força da Lei 6454/ 1977 que proíbe atribuir a logradouros e monumentos públicos o nome de pessoas vivas. O nome foi alterado, mas a história não. Construído por Amazonino, o bumbódromo serviu como um divisor de águas em Parintins e na própria cultura do Amazonas.
Testemunha da história, o atual secretário de Comunicação de Parintins, Gil Gonçalves, é filho do então prefeito naquele período, Gláucio Gonçalves. Foi na gestão do pai dele que o bumbódromo foi construído. “Amazonino Mendes era prefeito de Manaus, à época, o governador era Gilberto Mestrinho. Ele já vinha, como prefeito, a Parintins, ele era encantado com a festa, e nesse período, meu pai era o prefeito de Parintins“, recordou Gil.
Gil relembra que foi, então, que ele ouviu a sentença de Amazonino. “Ele já notava que a festa estava precisando de uma estrutura melhor para que os bois se apresentassem e foi aí que ele falou: para o ano, eu venho assistir o festival em uma estrutura de concreto. Isso foi em 1987 e era o primeiro mandato de Amazonino como governador“, relembrou.
“Na época, chegamos a achar que era empolgação dele pela festa, mas, quando foi em julho, mês seguinte ao festival de 1987, começaram a chegar os blocos de concreto e máquinas pesadas e começou a construção do bumbódromo“, lembrou.
Críticas
Gil Gonçalves recorda que muitos “torceram o nariz” para a obra. “Lembro, nessa época, que diziam que o bumbódromo era uma estrutura gigantesca para uma festa que não tinha dimensão e, hoje, nós sabemos que o bumbódromo já está pequeno”, observou Gil que complementa:
“Mas, não foi só isso. Amazonino trouxe a Coca-Cola, ou seja, a iniciativa privada para a festa. Também viu que não tínhamos rede hoteleira e ele, então, criou o projeto ‘Cama & Café’, ajudou a reformar a frota de táxi. Não é à toa que o prefeito Bi Garcia diz: ‘temos dois momentos, um antes de Amazonino e outra depois de Amazonino Mendes‘”, pontuou.
Fácil e difícil…
O empresário Zezinho Faria, que no fim dos anos 1980 era o “presidente de honra” do Garantido, lembra da paixão de Amazonino pela brincadeira dos parintinenses. “É muito fácil e difícil falar da paixão dele por Parintins e pelo festival. Lembro que ele chegou à ilha e em uma reunião na extinta ‘Casa da Cultura’ membros de sindicatos organizaram um protesto contra a construção do bumbódromo. Nos cartazes pediam motores novos para a usina que abastecia a cidade. Foi quando ele anunciou que faria os dois. E assim o fez”, rememorou.
Nessa fase, Zezinho lembra da chegada da primeira grande peça de marketing para o festival. “Ele me chamou ao apartamento dele, em Manaus, no condomínio Aruba, para anunciar que ele iria trazer a Coca-Cola para o festival e assim chegou a primeira empresa da iniciativa privada para patrocinar o Festival Folclórico de Parintins”, afirmou o ex-gestor do Garantido que também afirma: “E não foi só isso, ele dotou os dois bois com currais decentes. Entregou a ‘Cidade Garantido’ e o ‘Zeca Xibelão‘”.
Aniversário
Zezinha Faria conta que tentou, no vigésimo aniversário do bumbódromo, fazer uma festa com direito a bolo e com a presença de Amazonino Mendes. “No aniversário do bumbódromo tentei organizar uma festa de gratidão, mas não obtive apoio”, contou.
“Ele era apaixonado por Parintins, inclusive, isso despertou ciúmes de sua terra natal, Eirunepé, e de outras cidades do Amazonas e, apesar de tudo, Parintins não soube ser grata, ele só ganhou uma eleição em Parintins e isso o deixava triste. Ele abraçou a ilha como se fosse a terra dele”, finalizou.