No Pará, Polícia Federal resgata seis pessoas de trabalho análogo à escravidão em garimpo ilegal

O dono do garimpo foi preso em flagrante (Divulgação/Polícia Federal)

15 de maio de 2023

13:05

Iury Lima – Da Agência Amazônia

VILHENA (RO) – A Polícia Federal (PF) resgatou seis pessoas que trabalhavam em um garimpo ilegal de ouro no município de Rio Maria, no Pará, a 820 quilômetros de Belém. Segundo a polícia, os trabalhadores foram encontrados em “condições degradantes”, em situação análoga à escravidão. O caso foi revelado no último sábado, 13.

Ao todo, os agentes cumpriram três mandados de busca e apreensão na zona rural do município, durante a operação que levou o nome de Lagoa Seca. O dono do garimpo foi preso em flagrante. Ele não teve a identidade revelada. A polícia ainda apreendeu um revólver com munições, além de máquinas e veículos usados nos crimes ambientais.

“Ao chegarem, os 12 policiais federais da operação encontraram um garimpo ilegal em plena atividade e encerraram o trabalho do local de forma imediata”, esclareceu a polícia, em nota. A mineração acontecia sem autorização da Agência Nacional de Mineração (ANM).

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Campo de garimpo ilegal que operava sem autorização da ANM, no Pará (Divulgação/Polícia Federal)
Condições análogas à escravidão

De acordo com a PF, o proprietário do garimpo ilegal mantinha os empregados em “condição análoga a de escravo”. Eles dividiam um barracão de lona, onde improvisavam moradia, próximo ao local onde a mineração de ouro acontecia.

“Não havia banheiro, a cozinha era improvisada de chão batido, tudo em condições precárias”, detalhou a PF. “Eles trabalhavam descalços ou de chinelo, sem nenhum tipo de equipamento de proteção, com jornadas exaustivas”, acrescentou.

Cozinha improvisada de chão batido, no barracão de lona, utilizado por garimpeiros resgatados no interior do Pará (Divulgação/Polícia Federal)

A PF encontrou, ainda, outros dois pontos de garimpo, que já estavam com as atividades paralisadas, mas que serão investigados pelas autoridades.

Crimes

Ainda de acordo com a polícia, o dono do campo de garimpo preso em flagrante na operação vai responder por crimes ambientais, posse ilegal de arma de fogo, redução de trabalhadores a condição análoga à escravidão e usurpação de bens da União.

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