Norte e Centro-Oeste são as regiões onde micro e pequenas indústrias mais geraram empregos no primeiro semestre

Pesquisa aponta que empresas geraram mais empregos no primeiro semestre do ano. (Tony Winston/Agência Brasília)

08 de julho de 2022

10:07

Eliziane Paiva – Da Agência Amazônia

MANAUS – A primeira pesquisa que avalia o índice nacional das atividades das micro e pequenas indústrias realizada no País revela grande otimismo na recuperação econômica do País nas regiões Norte e Centro-Oeste.

O Norte foi a região que mais contratou no Brasil no mês de abril, seguido da região Centro-Oeste, segundo a pesquisa Indicador Nacional da Micro e Pequena Indústria, realizada pelo Datafolha a pedido do Sindicato da Micro e Pequena Indústria de São Paulo (Simpi).

A pesquisa aponta que a média de contratações nestas regiões são de 3,5% em comparação com 2,6% do Sudeste, 2,8 do Sul e 2,2 do Nordeste. Já na média de demissões, o Nordeste dispara com 5,2% seguido de 2,7% do Sudeste, 2,3% do Centro-Oeste e 2,0% do Sul.

Pesquisa aponta que mais carteiras foram assinadas no primeiro semestre do ano. (Tony Winston/Agência Brasília)

Na pesquisa, dentro de uma escala de 0 a 200 pontos, o índice de contratação e demissão no Centro-Oeste ficou positivo, registrando 113 pontos.

A região foi a que mais abriu vagas de trabalho (26%), em comparação com Sul (21%), Sudeste (15%) e Nordeste (13%). Quanto ao fechamento de vagas, Centro-Oeste e Norte tiveram 13% de demissões, assim como o Sul, seguido de Sudeste com 12%. A região que mais demitiu foi Nordeste, com 15% de fechamento de vagas.

Para o social media Diego Sampaio, 24, sem trabalho formal há dois anos, esse é um momento oportuno para retomada da vida profissional e diz se sentir muito feliz e ao mesmo tempo com a sensação como se fosse a primeira vez no mercado de trabalho. “Estava e está muito difícil conseguir uma oportunidade no mercado de trabalho, ainda mais se você quer muito que essa oportunidade seja na sua área de formação. Hoje, me sinto privilegiado e grato por isso”, relatou Diego.

Pesquisa com índice de contratações e demissões da empresas. (Divulgação)

De acordo com o economista Inaldo Seixas, o primeiro trimestre teve um período econômico favorável, apesar da situação pós-pandemia. “Os primeiros meses do ano apresentaram um Produto Interno Bruto (PIB) positivo em razão de uma melhora circunstancial econômica dada à situação pós-pandêmica e, claro, quem tem a maior capacidade de puxar mais rapidamente o emprego são as pequenas e medianas empresas”, destacou Seixas, ao informar que essas foram as que mais contrataram, conforme indica a pesquisa que aponta, ainda, uma pequena melhora na economia.

O especialista enfatiza ainda que os investimentos feitos por estes setores corroboram para o crescimento na oferta de empregos. “O nível de investimento foi um pouquinho maior, isso quer dizer que normalmente o emprego vem acompanhado de um investimento, quando existe algum investimento ele gera emprego e gera renda”, completa.

Índice de investimentos de acordo com a pesquisa. (Divulgação)

As regiões Norte e Centro-Oeste ainda foram as que mais investiram em infraestrutura e as mais otimistas com a recuperação econômica, com maior porcentagem em investimentos no país, sendo 23% delas se destacando com ações que priorizam a ampliação do espaço físico onde funcionam seguido do Sul com 22%, Sudeste com 17% e Nordeste com 12%.

Enquanto Sudeste (5%), Sul (4%) e Nordeste (3%) investiram mais em máquinas e equipamentos, Centro-Oeste e Norte investiram 8% no seu capital para melhorar sua infraestrutura.

IBGE

Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa é a primeira vez que a Região Norte se igualou ao sudeste do País. Dados Nacionais por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD) mostrou ainda que o Norte teve a maior redução em sua taxa de desocupação no último trimestre.

Em relação ao mesmo período de 2013, o desemprego na região caiu 0,6 ponto percentual, passando de 7,5% para os atuais 6,9%. E, em relação ao segundo trimestre, a queda foi de 0,3 ponto.

Pesquisa aponta que mais carteiras foram assinadas no primeiro semestre do ano. (Tony Winston/Agência Brasília)

A taxa do Amazonas (13,0%) segue maior do que a nacional, mas é a menor taxa observada no Estado desde o 1° trimestre de 2016 (12,9%). O Pará, segundo maior Estado da Região Norte, também apresentou redução significativa em relação ao trimestre anterior. A pesquisa mostrou que a população desocupada parou de procurar emprego registrado e escolheu o trabalho informal.

Leia também: Região Norte regista queda na taxa de desemprego, segundo IBGE; trabalho informal cresce

Norte e Centro-Oeste

Os saldos apontados por 48% dos micro e pequenos empresários que atuam no Norte e Centro-Oeste são positivos e refletem a situação econômica das regiões, mesmo com a crise econômica mais fraca, o que afeta um pouco os negócios, no entanto, a economia já deve voltar a crescer nos próximos meses.

Para o presidente do sindicato, Joseph Couri, com a inflação ainda elevada, há entraves para perspectivas futuras nas contratações e somente com novas pesquisas será possível provar se a melhora apresentada agora irá se manter. “A situação é desconfortável, pois os domicílios brasileiros enfrentam menor renda e menor poder de compra, justamente pela elevação da inflação. A próxima pesquisa irá provar se o nível de contratações se manterá elevado ou não”, ponderou Couri.