Novo PAC deve movimentar R$ 156 bilhões no Pará

O presidente Lula (PT) anunciou o Novo PAC na última sexta-feira, 11 (Marco Santos/Agência Pará)

18 de agosto de 2023

21:08

Daleth Oliveira – Da Agência Cenarium Amazônia

BELÉM (PA) – O Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado na última semana pelo governo federalvai investir R$ 75,2 bilhões no Pará. Ao todo, a injeção de investimento público no Estado deverá gerar uma renda total de R$ 156 bilhões, aponta o economista e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) Douglas Alencar.

Por meio do que chamamos na economia de multiplicador de gastos, é possível estimar o impacto do orçamento federal na economia paraense. No Pará, esse multiplicador de gastos equivale a 2,08. Portanto, multiplicando com os R$ 75,2 bilhões, chegamos ao total de renda gerada no Estado”, explica o economista.

Douglas Alencar é professor da Faculdade de Economia da UFPA (Reprodução/Arquivo Pessoal)
Os impactos do PAC nos setores econômicos

Na avaliação do presidente da Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport), Flávio Acatauassú, o programa atende às necessidades do Estado e devem melhorar, inclusive, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Pará, que é o 16° no ranking nacional.

Acreditamos que ações voltadas para melhoria da qualidade de vida da população, geração de oportunidades, redução de desigualdades sociais, melhoria do IDH e geração de renda são sempre bem-vindas, especialmente no nosso Estado do Pará, que tanto necessita de mais investimentos e infraestrutura”, declara Acatauassú.

Flávio Acatauassú representa um dos setores mais beneficiados com o PAC (Reprodução/Michel Oliveira)

Para Alencar, o otimismo é válido, pois as obras federais aquecerão vários setores da economia paraense. “Quando o setor público realiza investimentos, ele gera demanda em diversas áreas, como de materiais de insumo, força de trabalho, transporte, dentre outras. Esse aumento da demanda de outros setores causa um impulso em outros setores ligados ao consumo, podendo aumentar o consumo de produtos da cesta básica e de produtos duráveis, como geladeiras, fogão e até automóveis”, argumenta.

Esse processo pode iniciar o aquecimento da economia, gerando empregos, aumento do lucro dos empresários e até, em alguma medida, o próprio aumento da arrecadação fiscal do Estado”, destaca o economista.

Principais obras do PAC no Pará

A cidade de Belém (PA) é a quarta cidade com mais obras e projetos no Novo PAC, com 31 obras e investimentos, enquanto no Estado, serão 137 obras e projetos. No Estado do Pará destaca-se a construção da ponte sobre o Rio Xingu, na BR-230, a duplicação da BR-316 no trecho entre Castanhal e o trevo de Salinópolis, e a pavimentação da BR-308 entre Viseu Bragança.

O programa abrange também a polêmica derrocagem do Pedral do Lourenço no Rio Tocantins para viabilização da Hidrovia Araguaia-Tocantins, uma obra prevista desde 1970; e a construção de moradias do programa “Minha Casa, Minha Vid“.

Além dessas iniciativas, o PAC também direciona investimentos para estudos voltados a hidrovias e à Ferrogrão, uma via-férrea planejada para conectar o Porto de Miritituba, em Itaituba, no sudoeste do Pará, ao município de Sinop, no Mato Grosso.

Temos uma expectativa muito positiva, considerando que as ações voltadas à infraestrutura de transporte darão maior segurança e sustentabilidade à cadeia logística de nossa região. O derrocamento do Pedral do Lourenço e a duplicação da BR-316 permitirão a utilização perene, durante todo ano, do Rio Tocantins, até os portos de Vila do Conde e a oxigenação, com segurança das instalações portuárias do entorno da grande Belém”, avalia o presidente da Amport.

O derrocamento do Pedral do Lourenço é sonho antigo do setor aquaviário (Reprodução/DNIT)

Flávio Acatauassú comemora ainda os estudos em hidrovias, considerando que esta é a “vocação natural e modal de transporte mais sustentável” do Pará. “Associados aos estudos complementares para implantação da ferrovia EF-170, serão fundamentais para mitigar algum possível impacto socioambiental que seja identificado no corredor Centro Norte”, finaliza.

PAC ainda abrange obras de grande impacto social, como urbanização de favelas, melhorias no abastecimento de água, esgotamento sanitário, gestão de resíduos sólidos e prevenção a desastres naturais. Projetos para os setores da saúde, educação, cultura e esporte estão previstos, consolidando o programa como um esforço abrangente para o desenvolvimento e progresso das regiões contempladas.