Operação da PF, Ibama e Funai expulsa invasores da Terra Indígena Karipuna, em Rondônia
12 de maio de 2023
14:05
Iury Lima – Da Agência Amazônia
VILHENA (RO) – Uma operação da Polícia Federal (PF) levou 80 agentes para atuarem, pelos próximos dias, no interior da Terra Indígena (TI) Karipuna, localizada em Rondônia. O objetivo é expulsar desmatadores e outros invasores infiltrados na reserva, que sofre com pelo menos 12 pontos de destruição de floresta, já identificados pela PF. Além do desmatamento, a unidade é ameaçada por 20 madeireiras e serrarias no entorno do território, que viabilizam a entrada no comércio ilegal.
A polícia emprega tropas especiais e aeronaves na ação, que ainda conta com apoio de profissionais do Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A operação conjunta teve início nesta última quinta-feira, 11, e aconteceu como resultado de uma investigação prévia, que detectou as 12 principais zonas de desmatamento.
A TI Karipuna fica entre a capital Porto Velho e o município de Buritis, no interior do Estado, com mais de 150 mil hectares. A região resiste com uma população de cerca de 60 indígenas.
Leia também: Justiça obriga União, Estado de Rondônia e órgãos a proteger a TI Karipuna, ameaçada por invasões na Amazônia Legal
Fraudes e comércio ilegal
Segundo a polícia, as madeireiras e serrarias da região eram responsáveis por abrir as portas para o comércio ilegal da matéria-prima extraída na reserva, “mediante um engenhoso esquema fraudulento que esquenta a origem dos produtos florestais”, ou seja, as empresas atuavam adulterando emissões e transferências do Sistema de Documento de Origem Florestal (Sisdof).
Esse processo contava também com a utilização de laranjas e planos de manejo fraudados em Rondônia e outros Estados.
Leia também: Órgãos ignoram povo Karipuna após denúncia de grilagem e roubo de madeira, em Rondônia
Por questões estratégicas e de segurança, a PF não informou quantos invasores já foram retirados da Terra Indígena, mas afirmou ainda que trabalha para identificar pessoas envolvidas, inclusive, no loteamento e comercialização ilegal de terras, portanto, na grilagem de terras da União.
Os agentes federais também vão destruir pontes que dão acesso, ilegalmente, ao território indígena. Maquinários empregados no crime ambiental também devem ser inutilizados. A operação ainda não tem data para terminar.
Resistência
Com população estimada em 62 pessoas, segundo as contas do Instituto Socioambiental (ISA), os indígenas Karipuna são tidos como “sobreviventes”. A realidade de tragédias relacionadas aos crimes ambientais não é novidade para a TI, mas vem sendo muito mais agravada nos últimos anos.
Só em 2022, por exemplo, último ano da gestão de Jair Bolsonaro como presidente da República, que tanto negligenciou os povos originários, a Terra Indígena foi a que mais queimou na Amazônia, de acordo com o relatório do Observatório da BR-319.