‘Operação Estiagem’: AM entra em emergência e governador anuncia distribuição de alimentos

Tomada de drone da seca do Rio Negro no Porto do Cacau Pirêra, município de Iranduba, interior do Amazonas (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)

29 de setembro de 2023

14:09

Yana Lima – Da Agência Amazônia

MANAUS (AM) – O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), informou nesta sexta-feira, 29, que decretará emergência no Estado devido à crise provocada pela estiagem, e ainda convocará um comitê de crise. O anúncio deverá ser oficializado em uma entrevista coletiva de imprensa marcada para às 11h, quando serão anunciadas novas medidas para reduzir os impactos da estiagem.

As medidas foram adiantadas por Wilson Lima ao programa Em Ponto, da GloboNews. O governador confirmou ainda a liberação de R$ 10 milhões para a distribuição de kits de merenda escolar para os estudantes da rede pública estadual, por meio do programa “Merenda em Casa”. A medida deve beneficiar cerca de 500 mil alunos afetados pela estiagem.

O governador do Estado do Amazonas, Wilson Lima (Divulgação/Governo do Amazonas)

Durante visita a Brasília, no Distrito Federal (DF), na terça-feira, 26, o governador recebeu a garantia do governo federal de envio e transporte de ajuda humanitária, obras emergenciais e a criação de uma força-tarefa para reforçar as ações do Estado no combate à estiagem. A Operação Estiagem 2023 prevê investimentos de R$ 100 milhões em ações para apoiar as comunidades afetadas.

O medidor oficial do Porto de Manaus aponta que a cota do Rio Negro chegou a 15,88 metros na quarta-feira, 27. Esta é a maior estiagem dos últimos 10 anos no Amazonas.

Emergência dos municípios

Dos 62 municípios do Amazonas, apenas dois não estão sendo afetados pela seca. Cinco estão em Estado de atenção, 36 em alerta e 19 em emergência. Os dados são da Defesa Civil do Amazonas, atualizados nesta sexta-feira.

Municípios do Amazonas afetados pela seca (Divulgação/Defesa Civil do Amazonas)

A situação de emergência é declarada quando ocorre uma situação atípica, provocada por desastres, causando danos e prejuízos à comunidade. O decreto pode ocorrer quando há comprometimento parcial da capacidade de resposta do poder público. Nestes casos, o governo pode suspender algumas das suas funções básicas e criar planos específicos, possibilitando, inclusive, contratações emergenciais.

Manaus, capital do Estado, decretou emergência na última quarta-feira, 28. O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), afirmou que a prefeitura vai entregar botes com motores para as comunidades afetadas, perfurar poços artesianos e distribuir alimentos, inclusive, os arrecadados no festival #SouManaus Passo a Paço 2023.

De acordo com a Defesa Civil do Amazonas, a perspectiva é que a situação se agrave ainda mais e que, até outubro, mais de 50 municípios entrem em estado de emergência. A estimativa é que até dezembro, cerca de 500 mil pessoas sejam afetadas em razão da estiagem no Estado do Amazonas.

Estiagem na região amazônica

A prefeitura de Rio Branco, no Acre, também declarou situação de emergência em áreas da capital acreana atingidas pelo desabastecimento de água. O decreto foi assinado pelo prefeito Tião Bocalom (PP) na manhã de quarta-feira, 27.

Segundo a Defesa Civil Municipal, pelo menos 17 mil pessoas já foram afetadas pelo desabastecimento de água na capital acreana. O órgão já atendeu 4 mil famílias em 27 comunidades nas zonas urbana e rural da capital do Estado, porém, o número pode ser ainda maior.

Nível do Rio Acre está abaixo de 1,83 metros (Val Fernandes/Prefeitura de Porto Velho)
Impactos

Com a intensificação da estiagem, o setor de turismo no Amazonas também está sendo duramente afetado. As altas temperaturas e a falta de chuvas têm preocupado tanto os proprietários de agências quanto os turistas, contribuindo para afugentar os visitantes.

A capital amazonense tem registrado, com frequência, nuvens de fumaça causadas por queimadas, tanto na capital amazonense quanto no interior do Estado. Também há registros de animais mortos na superfície de rios, por falta de oxigênio. 

Manaus amanheceu coberta por fumaça na quinta-feira, 28 (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)

Dados do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) apontam o El Niño e o aquecimento do Atlântico Tropical Norte como fatores que inibem a formação de nuvens e reduzem o volume de chuvas na região.

Boto-cor-de-rosa morto em lago, no Amazonas (Reprodução/Redes Sociais)
Leia mais: Maior seca dos últimos dez anos muda rotina de moradores em Manaus
Editado por Marcela Leiros
Revisado por Adriana Gonzaga