Organização atribui a garimpo ilegal origem de surto de malária em território Sateré-Mawé

Indígenas da etnia Sateré-Mawé (Reprodução/Redes Sociais)

31 de julho de 2023

20:07

Adrisa De Góes – Da Agência Amazônia

MANAUS (AM) – A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) afirmou que lideranças indígenas estão atribuindo a origem do surto de malária na Terra Indígena Andirá Marau, território Sateré-Mawé, no Amazonas, às atividades de garimpo e retirada de madeira ilegal. Próximo da localidade, a atividade é realizada na região do Rio Urupadi.

De acordo com a Apib, são mais de 400 casos registrados nos últimos dois meses e a doença atinge, na maioria das vezes, mulheres e crianças. Além disso, pelo menos 18 aldeias estão com a população infectada.

“Ações de contenção seguem nas aldeias, mas em ritmo lento. A principal demanda, além da medicação, é por alimentos, visto que quando as famílias ficam doentes há a impossibilidade de caçar em busca de comida (…) A malária é consequência dessas atividades de garimpo ilegal no território”, diz comunicado no site da Apib.

Indígenas deitados no chão (Reprodução/Redes Sociais)

O tuxaua Josibias Alencar, liderança indígenas da Ilha Michiles, no Baixo Marau, uma das aldeias que sofre com a moléstia, diz que “as autoridades competentes precisam tomar providência para que essas atividades não tragam prejuízo às populações da região e ao meio ambiente”, ressalta o líder.

Execução e acompanhamento

O acompanhamento e execução em saúde da área indígena é de reponsabilidade do Distrito Especial de Saúde Indígena (Dsei) de Parintins (distante 369 quilômetros de Manaus). No último dia 17 de julho, o órgão determinou medidas de segurança para as regiões atingidas.

“Fica proibida a realização de festas, eventos e torneios esportivos nos polos base da região dos municípios de Maués e Barreirinha, assim como nas aldeias de abrangência”, diz um trecho do ofício assinado pelo coordenador do Dsei, Mecias Pereira Batista Júnior.

O documento também ressalta que as medidas ficam vigentes enquanto persistir o surto de malária. O descumprimento das normas também pode resultar na prática de crime contra a saúde pública.

Ofício circular determina medidas de quarentena no Dsei Parintins (Reprodução)