PF e ONS investigam quedas de torres de energia em Rondônia, Paraná e São Paulo; Aneel contabiliza sete ataques

O mais recente episódio ocorreu durante o último fim de semana, no distrito de Santa Cecília, entre os municípios de Vilhena e Pimenta Bueno, a cerca de 500 quilômetros da capital Porto Velho (Reprodução)

17 de janeiro de 2023

21:01

Iury Lima – Da Agência Amazônia

VILHENA (RO) – A Polícia Federal (PF) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estão investigando possíveis ataques contra o Sistema Elétrico Nacional. Já são sete torres derrubadas ou vandalizadas nos Estados de Rondônia, Paraná e São Paulo, segundo as contas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que cita indícios de “sabotagem e vandalismo”.

O mais recente episódio ocorreu durante o último fim de semana, no distrito de Santa Cecília, entre os municípios de Vilhena e Pimenta Bueno, a cerca de 500 quilômetros da capital Porto Velho. A torre em questão pertence à Eletronorte, ligada à empresa brasileira Eletrobras.

Ataque contra torres de energia, entre Vilhena e Pimenta Bueno, é o terceiro registrado em Rondônia, segundo a Aneel (Aneel/Reprodução)

O ONS confirmou à REVISTA CENARIUM, nesta terça-feira, 17, que a linha de transmissão foi desligada no sábado, 14, às 18h43. “Segundo informações do agente proprietário, houve queda de uma torre da linha, gerando o desligamento. A ocorrência, no entanto, não gerou impactos no atendimento do Sistema Interligado Nacional. A causa da queda da torre está em apuração, havendo indícios de vandalismo, segundo o proprietário”, detalhou o órgão por meio de nota. 

Ainda de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico: “Profissionais estão trabalhando para retornar o equipamento à operação o quanto antes”. Já a Polícia Federal, em Rondônia, afirma ter aberto três inquéritos policiais: dois em Vilhena e um em Porto Velho.

“Os inquéritos estão em andamento, em fase inicial, mas o delegado tem 30 dias para concluir, prorrogável por mais trinta”, esclareceu a PF também por meio de nota enviada à CENARIUM.

Aneel contabiliza, até agora, sete torres derrubadas ou vandalizadas em três Estados (Reprodução)

Vandalismo recorrente

Esta é a terceira torre de transmissão de energia derrubada no Estado. A primeira ocorrência foi registrada na zona rural do município de Itapuã do Oeste, na madrugada do último dia 8. Já a segunda, foi em Rolim de Moura, também na zona rural e, igual ao primeiro caso, durante a madrugada. O segundo caso ocorreu em 9 de janeiro, um dia após o primeiro ataque. 

O vandalismo em torres de energia vem sendo praticado desde os atos golpistas que vandalizaram, também, as sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro.

Depois de Rondônia, uma torre instalada na cidade Medianeira, no Oeste do Paraná, foi derrubada, também com indícios de “sabotagem e vandalismo”, segundo a Aneel. O caso foi em 9 de janeiro, na segunda-feira seguinte aos atos extremistas na capital federal. A Aneel também afirma que não foram identificadas condições climáticas adversas na região que possam ter causado a queda.

Além desses quatro ataques, uma quinta torre foi vandalizada em Tupãssi, no interior do Paraná, na última sexta-feira, 13. Outras duas foram alvos de ataque no Estado de São Paulo: uma na cidade de Rio das Pedras e outra em Palmital, ambas no dia 12 de janeiro.

As corporações da Polícia Federal, no Paraná e em São Paulo, não retornaram aos questionamentos da REVISTA CENARIUM. A Aneel e o ONS também não comentaram os episódios ocorridos nesses dois Estados.

Além desses quatro ataques, uma quinta torre foi vandalizada em Tupãssi, no interior do Paraná, na última sexta-feira, 13
(Aneel/Reprodução)

No caso do ataque mais recente, em Rondônia, a previsão é de que a torre seja substituída até a próxima quinta-feira, 19. Em todos os casos, há indícios de que os cabos de sustentação tenham sido cortados, indicando “ação humana”. Ainda assim, a Agência Nacional de Energia Elétrica afirma não ter registrado prejuízos ao Sistema Elétrico Nacional. 

Na mira do MPF

Os atos de vandalismo estão na mira do Ministério Público Federal, em Rondônia (MPF), que pediu informações da Polícia Federal (PF) e da Polícia Civil (PC) do Estado para abrir sua própria investigação.

O órgão também pediu informações e explicações da Aneel, ONS e das concessionárias de energia elétrica, como a Eletronorte. O prazo é de dez dias para que as polícias, órgãos e empresas atendam aos pedidos do MPF.