Polícia do Pará é a quinta mais violenta do Brasil

Dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (Bruno Cecim/Agência Pará)

20 de julho de 2023

21:07

Daleth Oliveira – Da Revista Cenarium

BELÉM (PA) – Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta quinta-feira, 20, informa que o Pará está ocupando, no Brasil, o quinto lugar do ranking das polícias mais violentas de 2022. Esse aumento é referente a mortes decorrentes de intervenções policiais que aumentaram nos últimos anos no Estado.

De 2021 para 2022, o número de mortes saltou de 548 para 621, representando um aumento de 12,7%. A taxa por 100 mil habitantes do Pará é de 7,7, atrás de Sergipe (7,9); Rio de Janeiro (8,3); Bahia (10,4); e Amapá (16,6).

A média nacional é de 3,2. Os Estados com menos registros de mortes por intervenção policial são Pernambuco (1), Rio Grande do Sul (1), Rondônia (1,1) e Piauí (1,2).

Segundo o estudo, a “discussão sobre o uso da força por parte das polícias permanece peça central do debate em torno da segurança pública no Brasil. A conclusão é que os padrões absolutamente abusivos e desprofissionalizados de uso da força dominam as polícias da maioria dos Estados do País.

“É evidente que o confronto faz parte da atuação policial e o uso da força é constituinte da profissão, contudo, a desproporcionalidade do uso da força está suficientemente evidente em ambos os indicadores, assim como a grande heterogeneidade entre as unidades da federação, que é historicamente consolidada e sinaliza concentração territorial e institucional da letalidade policial no Brasil”, diz o levantamento.

Policiais em solenidade da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Jovens negros x policiais

Do total de mortos pelas polícias do Brasil, que é 6.430, 83,1% são negros. Quanto à faixa etária, 45,4% têm de 18 a 24 anos; 22,7% de 25 a 29; e 11,9% de 30 a 34.

“Os dados que permitem construir o perfil das vítimas da letalidade policial mantêm a faceta evidente e consolidada historicamente do racismo que estrutura a sociedade brasileira. 83% dos mortos pela polícia, em 2022, no Brasil, eram negros, 76% tinham entre 12 e 29 anos. Jovens negros, majoritariamente pobres e residentes das periferias, seguem sendo alvo preferencial da letalidade policial e, em resposta a sua vulnerabilidade, diversos Estados seguem investindo no legado de modelos de policiamento que os tornam menos seguros e capazes de acessar os direitos civis fundamentais a não discriminação e à vida”, considera a pesquisa.

Policiais mortos no Pará

Em 2021, foram 12 policiais mortos dentro e fora de serviço. No ano seguinte, 17, mostram os dados do anuário.

A taxa de mortes de agentes de segurança é a segunda mais alta do País, ao lado de Tocantins, que registrou uma morte a cada 100 mil habitantes. Os dois Estados ficam atrás, apenas, de Piauí, com o índice de 2,3 em 2022.

Cidades mais violentas do Pará:

Ainda segundo o anuário, o Pará tem sete cidades no ranking das 50 mais violentas do País:

  1. Altamira (7ª do País) – 70,5 homicídios por 100 mil habitantes
  2. Itaituba (15ª do País) – 61,6 homicídios por 100 mil habitantes
  3. Marabá (26ª do País) – 51,8 homicídios por 100 mil habitantes
  4. Paragominas (32ª do País) – 49,3 homicídios por 100 mil habitantes
  5. Parauapebas (35ª do País) – 46,9 homicídios por 100 mil habitantes
  6. Castanhal (45ª do País) – 44,2 homicídios por 100 mil habitantes
  7. Marituba (50ª do País) – 41,6 homicídios por 100 mil habitantes

Pará registrou, ao todo, 2.997 vítimas de mortes violentas em 2022. Em 2021, foram 2.964 e, em 2020, 2.876. Em um ano, de 2021 a 2022, o aumento foi de 0,6%.

As taxas tornam o Estado o terceiro mais violento da Região Norte, com 36,9 mortes a cada 100 mil habitantes. Atrás vem o Amazonas, com 38,8, e Amapá com 50,6.

As taxas ficam acima da média nacional – de 23,4 por 100 mil habitantes; e também acima da média na Amazônia, que chegou a 33,8 por 100 mil habitantes.