Projeto busca desvendar idade das maiores árvores encontradas na Amazônia Legal

(Rafael Aleixo/Setec)

24 de janeiro de 2023

13:01

Daniel Amorim – Da Revista Cenarium

MANAUS – Há anos, pesquisadores tentam descobrir a idade exata das maiores árvores encontradas na Amazônia: os angelins vermelhos (Diniza excelsa duck), com 88,5 metros de altura, o equivalente a um edifício de 30 andares. Em segundo lugar no ranking, aparece a maior espécie já identificada no Brasil, popularmente conhecida como castanheira do Pará (Bertholletia excelsa), com 66 metros de altura.

Ambas as espécies estão localizadas na fronteira entre os Estados do Pará e Amapá. Um estudo inédito realizado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá (Ifap), com apoio e financiamento da Universidade do Arkansas, nos EUA, está prestes a desvendar o mistério.

O imponente angelim vermelho se destaca na Flota do Paru, região de Integração Baixo Amazonas, no oeste paraense (Divulgação)

No período de 15 a 21 de janeiro, integrantes do projeto Monitoramento das Árvores Gigantes da Amazônia realizaram uma expedição para coletar amostras nas árvores. A equipe se deslocou até a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru (RDSI) e a Reserva Extrativistas do Rio Cajari (Resex), ambas no extremo Sul do Amapá, para obter materiais que permitissem definir, com precisão, a idade das maiores árvores da Amazônia, bem como as de demais espécies encontradas na região.

As pesquisas apontam a presença de minerais na terra que podem estar ligados ao crescimento das árvores em estudo.

Longevidade

A priori, os pesquisadores já sabem que se tratam de árvores centenárias com pelo menos 150 anos de vida”, informou o coordenador do projeto e pesquisador do campus Laranjal do Jari, Diego Armando. Os integrantes do projeto contaram com o auxílio de estudantes de engenharia florestal e moradores de comunidades próximas às regiões das reservas.

De acordo com a pesquisadora Daniela Granato (centro), árvores no entorno das espécies gigantes têm cerca de 150 anos (Francisco Barbosa/Arquivo pessoal)

A definição da idade das árvores pode contribuir para elucidar quais fatores influenciaram na longevidade das espécies. A expedição mapeou e coletou, aproximadamente, 50 indivíduos ou espécimes de cedro e 2 de castanheira. Segundo os pesquisadores, a coleta de angelim vermelho será feita ainda este mês.

Após avaliar os anéis de crescimento dos cedros, a pesquisadora Daniela Granato, da Universidade do Arkansas, estimou que as árvores desta espécie que circundam as “gigantes” têm cerca de 150 anos. “Estima-se que a Floresta Amazônica tenha uma biodiversidade de 16 mil espécies só de árvores”, disse Granato.

Sagradas e medicinais

Descoberto em 2019, na Unidade de Conservação Estadual de Uso Sustentável Floresta Estadual do Paru (Flota do Paru), na Região de Integração Baixo Amazonas, no oeste paraense, o angelim vermelho com 88,5 metros de altura e 3,15 m de diâmetro, variando de 400 a 600 anos de existência, foi detectado em um estudo, que por monitoramento, tem mapeado as gigantes da floresta. A árvore é considerada um monumento histórico da floresta.

Já a castanheira do Pará, com 66 metros de altura, foi descoberta em outubro de 2020, durante expedição na cidade de Laranjal do Jari, no Sul do Amapá. Pesquisas recentes sugerem que a ingestão adequada de selênio está relacionada com a redução do risco de contrair câncer tanto de próstata quanto de mama. O óleo da castanha também é frequentemente usado em xampus, sabonetes, condicionadores de cabelo e produtos para a pele por ser excelente umidificador.