Promotor do AM que associou advogada à ‘cadela’ é denunciado ao CNMP

O promotor de Justiça do Amazonas Walber Nascimento (Reprodução/Facebook)

13 de setembro de 2023

20:09

Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – O promotor de Justiça Walber Nascimento, que associou a advogada criminalista Catharina Estrella a uma “cadela” durante audiência no plenário da 3ª Vara do Tribunal do Júri de Manaus, nesta quarta-feira, 13, foi denunciado Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). A Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Amazonas (OAB-AM) repudiou o caso.

Em coletiva de imprensa realizada horas após o ocorrido, o presidente da entidade, Jean Cleuter, disse que a situação ofende a advogada não somente como profissional, mas também como mulher. “Nós, da Ordem dos Advogados do Brasil não vamos deixar qualquer violação de prerrogativas passar sem o seu devido combate. A questão colocada é muito maior que a violação de prerrogativa, pois trata, também, da questão de gênero e da mulher advogada”, afirmou Jean Cleuter.

O presidente da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas no Amazonas (Abracrim-AM), Vilson Benayon, disse que acionou o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). “A Abracrim, tanto estadual como nacional, acaba de representar no Conselho Nacional do Ministério Público para que esse mal sirva de exemplo para futuras agressões à advocacia criminal”, disse.

Nas redes sociais, o representante institucional do Conselho Federal da OAB no CNMP, Marco Aurélio Choy, disse que vai acompanhar o caso na instituição. “Esse comportamento é incompatível, ao meu sentir, com o dever de urbanidade esperado de um membro do Ministério Público”, escreveu o advogado.

Entenda o caso

Em um vídeo que circula nas redes sociais, o promotor diz que “não ofenderia uma cadela” ao comparar Catharina Estrella ao animal. “Eu disse que os cachorros eram fiéis, eram leais. Levando em consideração a lealdade, eu não poderia fazer essa comparação dela com uma cadela, porque senão eu estaria ofendendo a cadela”, diz Nascimento.

A Associação Amazonense do Ministério Público (AAMP), entidade representativa de classe, manifestou apoio ao promotor e disse que a declaração de Walber foi distorcida pela advogada e que a acusação é “injusta”.

Leia nota da AAMP na íntegra:

“A Associação Amazonense do Ministério Público – AAMP, entidade representativa de classe, que congrega Promotores e Procuradores de Justiça, por meio de sua Diretoria, vem a público apresentar seu total e irrestrito apoio ao associado e promotor de justiça, Dr. Walber Luís Silva do Nascimento, ao tempo em que destaca a importância de sua atuação firme, urbana e técnica no plenário do Tribunal do Júri, especialmente na defesa dos direitos das vítimas de crimes em razão de gênero, e o desagrava pelas distorções produzidas pela defesa dos réus durante o julgamento, pois, em momento algum, houve, por parte do representante ministerial, a prática das condutas injustamente imputadas a ele”.

Veja vídeo em que promotor comenta o caso:
Leia mais: Promotor contra ponto facultativo em jogos da seleção feminina é seguidor de Bolsonaro
Editado por Jefferson Ramos