Quem escolheu a cidade para morar declara: ‘Uma mãe aos que procuram oportunidade’

Final de tarde no Centro Histórico da cidade de Manaus (Reprodução)

24 de outubro de 2022

14:10

Gabriel Abreu – Da Agência Amazônia

MANAUS – “Uma mãe aos que procuram oportunidade”, resumiu a pedagoga Francisca da Silva Peixoto, 62, que chegou a Manaus vinda do Piauí há mais de 40 anos em busca de trabalho e qualidade de vida. Motivada por causa da Zona Franca de Manaus (ZFM), implementada em 1967 pelo governo com o objetivo de viabilizar uma base econômica na Região Amazônica, Francisca integra a lista de brasileiros de diversas partes do País atraídos para viver na cidade que completa 353 anos nesta segunda-feira, 24.

Eu vim para Manaus ainda muito jovem e aqui construí minha vida. Trabalhei no distrito, no aeroporto e vi muitos processos de desenvolvimento ao logo dos anos. Aqui me formei em pedagogia, formei minha família, criei meus filhos e vivo com muito orgulho e gratidão na terra que me recebeu de portas abertas. Manaus é uma mãe aos que procuram oportunidade. É o berço da pluralidade e um lugar ímpar e merece todas as felicitações e respeito da sociedade”, destacou a pedagoga.

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Francisca Peixoto, em 1986, na extinta escadaria de acesso ao terraço do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes (Divulgação/Arquivo Pessoal)

Francisca, que chegou aos 22 anos em Manaus, afirmou que não pretende deixar a cidade e defendeu que a capital do Amazonas pode ser ainda mais próspera para quem a escolheu como morada.

Sempre que posso viajo para meu Estado natal e outros lugares, mas já sou filha adotada desta terra e aqui vou vivendo. Que ela possa ser próspera e acolhedora com outras pessoas como ela foi comigo, e que essas mesmas pessoas mereçam, aqui, morar e construam boas histórias de vida somadas à história de Manaus“, admitiu.

Minha adaptação em Manaus foi tranquila

Ao contrário de Francisca, que há 40 anos ‘respira ares manauara’, a bailarina Ana Beatriz Camargo, 23, chegou na cidade com os pais há cinco anos. De São Paulo, a família de Ana veio para cá após a mãe passar em um concurso público e ingressar em um doutorado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Seguindo o exemplo da mãe, em Manaus, Ana também fez faculdade, formando-se em Dança pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e se encontrou na carreira voltada ao Marketing Digital.

Ana Camargo sendo fotografada em um dos cartões postais da cidade de Manaus (Divulgação/Arquivo Pessoal)

Logo que me formei no Ensino Médio quis fazer faculdade, aqui, pois a UEA tinha o curso que eu queria muito fazer. Em quatro anos, fiz a minha faculdade. A minha adaptação em Manaus foi tranquila. Antes eu morava em Boa Vista, Roraima. Porém, sou de São Paulo, então, durante o tempo que vivi lá [Boa Vista] sempre senti falta da cidade grande, dos shoppings, programação cultural e mobilidade urbana, e o melhor é que vindo para cá [Manaus] eu tinha tudo isso e mais a natureza”, afirmou.

‘Vida de quem vem do interior é repleta de risco’

Mas, não são apenas pessoas de fora do Estado que buscam melhoria de vida na capital amazonense, há também quem venha do interior do Amazonas em busca de uma vida melhor. A professora Silvia Grijó, décima segunda filha de 14 irmãos, por exemplo, saiu de Anori (distante 195 quilômetros de Manaus) com a mesma perspectiva de avanço e novos caminhos. Ela compartilha que a decisão em seguir novos rumos não foi algo fácil, mas gratificante.

Morar em Manaus é um verdadeiro desafio, uma verdadeira prova de fogo, que pode nos conduzir a vários caminhos. Feliz de quem tem a oportunidade de conhecer o caminho mais ameno. Sem pai, sem mãe, tínhamos que ter a responsabilidade (no meu caso) de uma pessoa adulta, ou seja, a vida de quem vem do interior sem pai e sem mãe (sem mesada) é uma verdadeira ousadia repleta de riscos. Costumo ver como a travessia de uma ponte de madeira segura por cordas, sobre um rio infestado de jacarés e piranhas, a qual se balança todo o trajeto a cada passo que se dá. Mas, amo Manaus, que me acolheu de braços abertos”, realçou.

A professora e poetisa Silvia Grijó pousando para a foto em frente ao Teatro Amazonas (Divulgação/Arquivo Pessoal)

Em homenagem à capital da Amazônia, a professora e poetisa Silvia Grijó disponibilizou um poema, em primeira mão, à AGÊNCIA AMAZÔNIA, que resume bem o período dela na cidade e a leitura que faz da “capital mãe e acolhedora”:

MANA, MANA… MANAUS…353 ANOS

Manaus é encanto,
É sabor diferente,
É carinho, sempre acolhendo a gente… Manaus é Caldo de tambaqui na cuia,
É açaí com farinha de tapioca,
Manaus é feira da Eduardo Ribeiro no domingo…
Manaus é porto das balsas
Até o tucupi de motores,
Lanchas, com tantos destinos
Manaus é Teatro Amazonas,
Ponta Negra,
Tacacá na Bossa,
Largo São Sebastião,
Biblioteca Pública,
Manaus é Ana, é Silvia, é João, é Paulo, é Joana, é Socorro, é Rosa, é Tina,
Manaus é Você, é Eu, é Nós,
MANA, MANA… MANAUS
Manaus é encanto,
É canto bonito,
É Candinho e Inês,
Felicidade Susy,
Lili Andrade,
“Bate forte o tambor”…
É Boi Manaus, é Difusora…
Manaus é Instituto de Educação, Ideal Clube,
É PRAÇA da saudade,
Com todas as saudades…
Manaus é Parque do Mindu,
Igreja Matriz,
É Mercado Adolfo Lisboa, quanta coisa boa…
Manaus dos encontros, das águas, dos amores,
Do lindo nascer e por do sol…
MANAUS, MENINA MORENA
Cheia de encantos,
Que arranca olhares
De todos os cantos…
TE AMO MANAUS…

Autora: Silvia Grijó