‘Recebi um sistema sucateado’, diz governador do AM sobre estrutura da Saúde na pandemia

O governador do Amazonas e candidato à reeleição, Wilson Lima (União Brasil). (Reprodução/ Internet)

15 de setembro de 2022

16:09

Marcela Leiros – Da Agência Amazônia

MANAUS – O governador do Amazonas e candidato à reeleição Wilson Lima (União Brasil) afirmou, em entrevista nesta quinta-feira, 15, que recebeu um sistema de saúde “sucateado” ao assumir o Executivo, em 2019, o que se tornou mais um desafio para atender as demandas impostas pela pandemia da Covid-19 no Estado. Lima lembrou que foi necessário correr contra o tempo para criar mais Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e enfrentar a falta do oxigênio na segunda onda da pandemia.

O governador afirmou que a situação do Amazonas à época foi um “negócio que ninguém esperava que pudesse acontecer”, quando o consumo diário de oxigênio aumentou de 20 mil metros cúbicos para 75 mil metros cúbicos por dia.

“Então imagina a dificuldade de prever uma situação como essa, ninguém tinha essa informação do quanto subiria o consumo de oxigênio no Estado do Amazonas, e para completar eu recebi um sistema sucateado. Sabe quantas usinas de oxigênio tinha na rede pública do Amazonas? Nenhuma usina de oxigênio. Hoje, tem 45 usinas de oxigênio. Hoje, tem 30 municípios com autonomia para abastecimento de oxigênio”, explicou.

Ainda sobre a estrutura de saúde no interior, Wilson Lima lembrou a instalação de UTIs em municípios. “A gente já colocou UCIs [Unidades de Cuidados Intermediários] em todos os interiores, e quando eu falo que coloquei UTI, eu falo de UTI. Colocamos 11 no município de Parintins, dez em Tefé e dez em Tabatinga. Essas UTIs já atenderam, aproximadamente, 400 pacientes”, afirmou.

Hospital do Sangue

Wilson Lima ainda falou sobre as obras do Hospital do Sangue, que foram retomadas apenas em 2019. A obra começou em 2014, sendo paralisada em 2017, após a construtora responsável, à época, desistir. A retomada se deu a partir do primeiro ano da gestão de Lima, quando o Estado assumiu unilateralmente o aditivo de R$ 9 milhões necessários para a conclusão.

“Todos os governadores que passaram nesse período só entregaram 30%. A obra civil dela está pronta, o que falta hoje é a questão de subestação de energia elétrica, a montagem do imobiliário. Já fizemos um processo seletivo para aumentar o número de servidores e ele já funciona mês que vem”, disse.

Zona Franca de Manaus

Lima também falou sobre a resposta do governo estadual aos decretos, do Governo Bolsonaro, que ameaçaram a Zona Franca de Manaus (ZFM), afirmando que não concorda com a política econômica do Ministério da Economia, capitaneado pelo ministro Paulo Guedes.

“Eu tenho um alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro, não concordo com a política econômica do Ministério da Economia, principalmente no que diz respeito à Zona Franca de Manaus. Tenho tido um diálogo muito importante para gente proteger a Zona Franca de Manaus, e no momento em que cessam as possibilidades dos diálogos, eu fiz como tenho feito. Vou para Justiça porque eu vou defender acima de qualquer coisa o Estado do Amazonas”, defendeu.

Meio ambiente

Outro tema bastante recorrente é o meio ambiente, e o governador exemplificou, na entrevista, as ações do governo no combate ao desmatamento e queimadas no Estado. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostraram que o Amazonas teve quase 5 mil focos de queimadas somente nos primeiros dez dias de setembro.

“80% dos focos de queimadas no Estado do Amazonas são de terras que não são do Estado, são de terras federais e terras não destinadas. Nos outros, menos de 20% que pertencem ao governo do Estado, a gente tem diminuído esses números. Eu tenho um batalhão de 230 homens no Sul do Amazonas, de prontidão. No momento em que é identificado um foco de queimada, a gente age para combater isso daí”, disse o governador.

Wilson Lima ainda afirmou ser necessário implementar regularização fundiária para, assim, identificar os responsáveis por crimes ambientais. O objetivo, para um eventual próximo governo, é criar o zoneamento econômico-ecológico para a região Sul do Estado, transformando a Reserva Legal em 50/50.

“Enquanto a gente não tiver [a regularização], dificilmente a gente vai conseguir punir o responsável por uma queimada. Então a gente tem que caminhar nisso, até para dar legalidade para quem quer trabalhar dentro da lei, porque tem muita gente querendo produzir no Estado do Amazonas, principalmente naquela região do Sul do Amazonas, que as pessoas classificam como a zona do desmatamento e queimada, eu classifico como a zona do desenvolvimento. É o local onde a gente tem potencial para produzir milho, soja e criar gado”, finalizou ele.