Sem parentesco, candidata adere sobrenome ‘Bolsonaro’ e modifica cor de ‘branca’ para ‘parda’

21 de agosto de 2022

17:08

Da Agência Amazônia

MANAUS – Em campanha eleitoral, a vice-prefeita da cidade de Barrinha, interior de São Paulo, Fabiana de Lima Barroso (PL), trocou o sobrenome nas eleições de 2022 para “Fabiana Bolsonaro”, mesmo não tendo parentesco com o presidente da República, Jair Bolsonaro. Em sua ficha de filiação, divulgada pelo site do TSE, a candidata se autodeclarou à Justiça Eleitoral ser de cor e raça “parda“.

Em 2020, Fabiana, em sua candidatura a vice-prefeita pelo partido Patriota, declarou-se “branca”. Atualmente é candidata a deputada estadual, mudou de partido, nome na urna e cor. Fabiana Barroso é filha de Adilson Barroso, que é candidato a deputado federal pelo Partido Liberal (PL), que também se autodeclara “pardo”.

Em 2020, Fabiana se autodeclarou “branca”. (Reprodução: TSE)

Dados

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, nove em cada 100 candidatos que vão disputar as eleições de 2022 mudaram a autodeclaração de cor/raça que deram em 2020. Em 2018, 2.431 candidatos fizeram a mudança em relação à eleição de 2016. Atualmente, 2.510 fizeram a alteração.

Em contrapartida, de 723 candidatos, 698 se declararam pardos há dois anos e agora se declararam brancos, com outros 25 que se declararam pretos em 2020 e agora se declararam brancos.

Em 2022, Fabiana mudou de sobrenome, partido e autodeclarou ser da cor “parda”. (Reprodução: TSE)

Regras de campanha

A mudança de cor vai impactar diretamente no financiamento da campanha e na entrega de recursos públicos para os partidos a partir do próximo ano.

A nova regra, aprovada pelo Congresso em 2021, aumentará a quantidade de verba para partidos com candidatos negros que obtêm mais votos para deputado. O voto dado para esse grupo vai contar em dobro na distribuição do Fundo Partidário e do fundo eleitoral nos próximos anos, até 2030. Não significa que um voto vai valer dois na apuração do resultado das urnas, mas terá o efeito dobrado no cálculo dos recursos, que considera o resultado obtido no pleito para a Câmara.

Os partidos dividem o fundo eleitoral e o tempo de TV para propaganda de forma proporcional entre negros (pardos e pretos) e brancos. Se uma legenda tem 50% dos postulantes que se identificam dessa forma, por exemplo, metade dos recursos deve ser direcionada a essas candidaturas.

Após repercussão negativa, Fabiana Barroso publicou em sua rede social ser “Bolsonarista até o fim”, e que “A cor que eu me vejo não interfere no recebimento de nada”.

(Reprodução: Instagram)