Símbolo maior do Manaus FC, gavião-real é retirado de escudo para alertar sobre ameaça de extinção da espécie

06 de junho de 2022

14:06

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS — O maior símbolo do Manaus F.C. e que deu origem ao apelido do time, a imagem do gavião-real, em perfis nas redes sociais, foi retirada do escudo do clube na última semana, deixando torcedores curiosos e insatisfeitos, principalmente, por conta da falta de explicação sobre a mudança. O episódio, no entanto, fez parte de uma ação de marketing da direção para alertar sobre a ameaça de extinção da ave, junto com outras espécies da fauna e flora amazônica.

A mobilização que iniciou em 1º de junho e foi esclarecida nesse domingo, 5, no Dia Mundial do Meio Ambiente, também busca alertar sobre o desaparecimento dos modos de vida dos povos locais da Amazônia. Para o diretor de Marketing e Comunicação do Gavião do Norte, Thiago Martins, a ação foi audaciosa e a discussão sobre o assunto ganhou atenção.

“A ação do Dia do Meio Ambiente foi audaciosa, mas trouxe atenção à discussão, que para muitos é vista de maneira macro. O sumiço da harpia, o gavião-real, é apenas uma das muitas perdas que a luta da preservação ambiental pode sofrer”, destacou.

Segundo Martins, com a relevância do Manaus F.C ante o contexto nortista, é importante que o clube seja porta-voz de pautas de destaque e que deem visibilidade à população da região. “Temos feito isso com os uniformes – time da floresta e time de indígenas – além de trabalhar de maneira solidária em prol de outros irmãos da região, como pela causa dos povos originários e dos ribeirinhos”, frisou.

Gavião-real ameaçado

O gavião-real, popularmente conhecido como harpia (Harpia harpyja), é a maior ave de rapina do Brasil e ocupa o topo da cadeia alimentar. A espécie pode medir até 1 metro de altura e envergadura de até 2,2 metros da ponta de uma asa a outra. Quando adulto, o macho chega a pesar cerca de 5,5 Kg e a fêmea 8 Kg.

O predador, característico da Amazônia, se alimenta de mamíferos de médio e pequeno porte, entre eles, outras aves, macacos, roedores. O desmatamento da floresta, a caça do gavião-real, o tráfico da espécie para o comércio ilegal a fez ficar em ameaça de extinção. Além disso, a harpia é tem reprodução lenta, gerando apenas um filhote a cada dois ou três anos.

Em Manaus, o Instituto de Proteção Ambiental da Amazônia (Inpa) estuda a ave desde 1997, com a descoberta de ninho de gavião-real em uma reserva florestal do órgão. O projeto Gavião-Real busca proteger a espécie e faz parte do Programa de Conservação do Gavião-Real (PCGR).