‘Teixeira de Manaus tocou Amazônia por meio do sax’; artistas exaltam legado do ‘Rei do Beiradão’

O saxofonista Teixeira de Manaus faleceu nesta quinta-feira, 18, e deixa um importante legado para a música brasileira (Composição: Mateus Moura/Revista Cenarium)

18 de janeiro de 2024

14:01

João Felipe Serrão – Da Agência Amazônia

MANAUS (AM) – Nesta quinta-feira, 18, o Amazonas perdeu o saxofonista Rudeimar Soares Teixeira, mais conhecido como Teixeira de Manaus, o “Rei do Beiradão”. O artista, de 79 anos, estava internado há quase dois meses em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), devido a um tumor na hipófise.

Artistas do Amazonas lamentaram a perda e exaltaram a obra e legado deixado por Teixeira de Manaus, que foi um dos precursores do estilo que ficou conhecido como “beiradão”. O gênero, que mescla influências da música latina, como lambada, cúmbia e guitarrada, teve o seu auge nos anos 1980 e 1990 no Amazonas.

A música de “beiradão” leva esse nome por conta das pessoas que mais consumiam o estilo: comunidades ribeirinhas e vilas que se estabeleciam nas beiras dos rios do estado, principalmente no interior do Amazonas.

A cantora e ecomusicóloga amazonense Karine Aguiar destacou que Teixeira de Manaus não é apenas um dos maiores artistas que a música amazonense já viu, mas também um dos grandes instrumentistas da história da música brasileira.

Ela afirma que Teixeira se propôs a apresentar um gênero musical amazônico, com uma característica, linguagem e sonoridade próprias, desenvolvendo um jeito inconfundível de tocar o seu saxofone.

“Ele teve a coragem e a ousadia de mostrar o Amazonas e a Amazônia com o seu saxofone, por meio do seu som e estilo. O Teixeira de Manaus é dono de uma técnica que merece ser estudada nas universidades e já temos pesquisadores amazonenses fazendo isso”, afirmou a artista.

Cantora e ecomusicóloga amazonense, Karine Aguiar (Foto: Divulgação)

Karine aponta ainda que Teixeira de Manaus é um dos pilares que ajudou a construir a identidade da música amazonense e quem ajudou a colocar essa música com suas características próprias diante do mundo. “Esse artista carrega em seu instrumento um pedacinho da alma do povo amazonense”, finalizou Karine.

Disco de ouro

Em 1981, Teixeira de Manaus vendeu mais de 100 mil cópias do álbum “Lambada para dançar” e foi consagrado como um dos ícones da lambada amazonense. Um dos seus principais sucessos, a canção “Deixa o Meu Sax Entrar”, garantiu ao saxofonista o Disco de Ouro, em 1983. No Amazonas, Teixeira chegou a vender mais discos que Roberto Carlos.

A cantora amazonense Lucilene Castro também lamentou a morte de Teixeira de Manaus. De acordo com ela, o artista é um dos maiores instrumentistas do mundo, reconhecido nacional e internacionalmente. Lucilene disse ainda que Teixeira deixou seu nome marcado na música brasileira.

A cantora amazonense Lucilene Castro (Foto: Divulgação)

“O seu legado é sua obra, é seu modo de tocar. Ele tornou o beiradão, um ritmo tão nosso e tão peculiar, conhecido no mundo todo. A música do Amazonas perde um grande instrumentista e compositor, mas sua obra é eterna e se perpetua. É uma escola para quem quer ser um grande instrumentista”, afirmou a cantora.

Quem também reconheceu o papel de Teixeira na popularização da música amazonense para o mundo foi a cantora Márcia Novo. Ela escreveu em suas redes sociais que: “Seu sax potente vindo das ribanceiras e beiradas levou a música popular ribeirinha para o mundo e encheu nossos corações de orgulho”.

Rei do beiradão

O saxofonista Teixeira de Manaus nasceu em um comunidade ribeirinha chamada Costa Catalão, no dia 8 de dezembro de 1944. A área pertencia à capital Manaus à época, mas, atualmente, integra o município de Iranduba.

O artista ganhou a alcunha de “Rei do Beiradão” por conta da sua importância na visibilidade do estilo amazônico. Ele viajou o Brasil todo fazendo apresentações com seu estilo próprio de tocar saxofone.

O músico foi homenageado na 7ª edição do Festival Amazonas Jazz, em 2012, no Teatro Amazonas. Em nota, o Governo do Amazonas lamentou a morte do músico e afirmou que ele deixa um enorme legado para o cenário musical do Estado.

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Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Gustavo Gilona