Um em cada quatro homens gays e bissexuais sofrem violência do parceiro, diz estudo escocês

O texto mostra que a maioria dos participantes abordou ter vivido uma realidade de controle coercitivo com abuso emocional (Reprodução/iStock)

20 de abril de 2023

20:04

Priscilla Peixoto – Da Agência Amazônia

MANAUS – Os primeiros resultados publicados do estudo intitulado “Somos INVISÍVEIS!”, no início do mês de abril deste ano, pela Glasgow Caledonian University, aponta que um em cada quatro homens em relacionamentos de mesmo sexo sofre violência cometida pelo parceiro e encontra barreiras diversas para obter apoio. A pesquisa tem como alvo homens gays e bissexuais da Escócia.

Segundo o estudo qualitativo que será apresentado ao Parlamento escocês, ainda neste mês, foram analisadas a saúde sexual e mental dos participantes. O texto mostra que a maioria dos participantes abordou ter vivido uma realidade de controle coercitivo, com abuso emocional, físico, sexual e financeiro durante os relacionamentos, causando inúmeros problemas tanto a curto quanto a logo prazo.

O texto indica uma série de sugestões para ampliar o apoio e a compreensão da comunidade (Reprodução/Internet)

Contribuiu para doenças mentais de curto e longo prazo, entre as vítimas, que incluíram transtorno de ansiedade generalizada, depressão e suicídio”, aponta o estudo, que também destaca que há “uma visão comum que os serviços estatutários não foram projetados para apoiar as necessidades LGBTQIAP+ mais amplas, mas, sim, focados na VPI heteronormativa“.

Em publicação no site oficial da Glasgow Caledonian University, o professor de Psicologia da Saúde Jamie Frankis destaca que a pesquisa mostra uma barreira evidente existente na vida dessa parcela da papulação. “(…) Descobrimos que existem barreiras claras para as vítimas acessarem serviços de apoio, e elas, simplesmente, não estão configuradas para lidar com questões em torno da violência,” diz Frankis.

O texto indica uma série de sugestões para ampliar o apoio e a compreensão da comunidade por melhoria das políticas e da prestação de serviços. Dentre elas, se destaca a elaboração de um grupo consultivo de especialistas para explorar a extensão das experiências de violências LGBTQIAP+, na Escócia, além de realizar aconselhamentos quanto às prioridades para a reforma de políticas e recursos de apoio personalizados.

Diagnóstico LGBTQIAP+

No Brasil, embora não haja um estudo recente focado apenas para homens gays e bissexuais, com enfoque na temática “violência, saúde mental e emocional”, a pesquisa “Diagnóstico LGBT+ na pandemia”, divulgada e realizada pelo coletivo #VoteLGBT, com ajuda da Box1824, em junho de 2021, apontou que a saúde mental da população LGBTQIAP+ sofreu piora por conta da pandemia.

Segundo o Diagnóstico LGBT+, a saúde mental da comunidade sofreu piora durante a pandemia (Reprodução/Internet)

De acordo com a pesquisa, 55,1% da população teve uma piora na saúde mental, um aumento de 8% em relação a mesma pesquisa de 2020, quando o índice era de 47%. Ainda de acordo com o estudo, 30% das pessoas possuíam diagnóstico prévio de depressão e 47,5% para ansiedade. Um aumento de 2%, comparado aos dados do ano anterior, para cada uma das condições clínicas, quando a depressão marcava a média de 28% e a ansiedade 45,3%.

Em relação a outros fatores que levam à piora mental e emocional dos entrevistados, para a pesquisa, a insegurança alimentar, a falta de oportunidade no mercado de trabalho, a diminuição na renda, a perda de amigos e familiares para a Covid-19 também foram outras causas citadas no levantamento.

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