‘Vamos retirar definitivamente os garimpeiros ilegais’, diz Lula a indígenas de Roraima

O evento teve como pauta principal as discussões sobre a proteção das terras tradicionais, gestão dos recursos naturais e a agenda do movimento indígena para o ano de 2023 Alexsandro Paiva/REVISTA CENARIUM)

13 de março de 2023

20:03

Bianca Diniz – Da Agência Amazônia

RORAIMA – O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu retirar, de forma definitiva, com os garimpeiros das terras indígenas, nesta segunda-feira, 13. Lula participou da 52ª Assembleia dos Povos Indígenas de Roraima, no Lago do Caracaranã, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, localizada em Normandia, Roraima. Essa é a primeira vez que um presidente participa do evento.

Lula relembrou que o território brasileiro, um dia, foi “100%” indígena, e que as terras foram invadidas. “Indígenas foram massacrados pelos garimpeiros. Nós vamos retirar, definitivamente, os garimpeiros das terras indígenas”, declarou Lula.

Lula estava acompanhado de ministros, lideranças indígenas e da primeira-dama, Janja Silva (Alexsandro Paiva/REVISTA CENARIUM)

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O evento teve como pauta principal as discussões sobre a proteção das terras tradicionais, gestão dos recursos naturais e a agenda do movimento indígena para o ano de 2023. A assembleia é realizada pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR) e, neste ano, acontece entre os dias 11 e 14 de março.

No início da cerimônia, duas crianças indígenas entregaram uma carta com demandas nas mãos do presidente. Lula pediu que fossem apresentadas às ministras Joenia Wapichana, presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), e Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, uma listagem das terras que devem ser demarcadas em Roraima, antes que invasores tomem posse.

Os indígenas Yanomami vivem uma crise humanitária provocada por conta da invasão de mais de 20 mil garimpeiros no território. Depois da visita do presidente, em janeiro, o Ministério da Saúde decretou emergência de saúde pública para enfrentar a desassistência sanitária das populações Yanomami.

Ao relembrar da última visita a Roraima, em janeiro deste ano, o presidente disse que ficou “incrédulo” ao presenciar a situação das crianças da Terra Indígena Yanomami. Ele prometeu atender todas as demandas dos povos indígenas, como envio de ajuda financeira, criação de postos de saúde e distribuição gratuita de medicamentos em todos os territórios indígenas.

“Fiquei triste porque vocês não têm ajuda do governo (estadual) para financiar a produção de vocês”, afirmou o presidente. Por solicitações de organizadores e lideranças, o governador de Roraima, Antonio Denarium, não participou do evento.

O evento teve como pauta principal as discussões sobre a proteção das terras tradicionais (Alexsandro Paiva/REVISTA CENARIUM)

Líderes mundiais

O presidente disse que está planejando para este ano um encontro com líderes de países que possuem áreas da Floresta Amazônica em seus territórios, incluindo Venezuela, Equador, Peru, Colômbia e Bolívia. O objetivo será discutir proteção, estratégias e geração de incentivos de mais pesquisas em prol do desenvolvimento da Amazônia.

“Vamos criar, novamente, o Conselho dos Povos Indígenas para que os indígenas decidam como as coisas devem ser feitas, pois há quatro anos de mandato pela frente; afirmando que é preciso os povos indígenas reivindicarem, cada vez mais, porque nada está maravilhoso, ainda falta muita coisa a se fazer”, completou.

Além de Sonia Guajajara e Joênia Wapichana, Lula estava acompanhado dos ministros Nísia Trindade (Saúde), José Múcio Monteiro (Defesa), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação) e Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência) e da primeira-dama, Janja da Silva.

Estado de Emergência

Em janeiro, o Ministério da Saúde decretou estado de emergência para combater a falta de assistência sanitária que atinge os Yanomami, em portaria que foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).

As ações estão sendo realizadas em conjunto com gestores estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS). O grupo ligado à emergência deverá propor ao ministério “o acionamento de equipes de saúde, incluindo a contratação temporária de profissionais” e a “aquisição de bens e a contratação de serviços necessários para a atuação” na emergência.

Em janeiro, a pasta divulgou que, 570 crianças Yanomami morreram por contaminação de mercúrio, desnutrição e fome, “devido ao impacto das atividades de garimpo ilegal na região”.