Abraji e presidentes dos sindicatos dos jornalistas no AM e PA repudiam ataques à imprensa ‘pós-eleições 2022’

Com a derrota do bolsonarismo nas urnas, jornalistas passaram a ser os alvos principais da violência da extrema-direita no Brasil (Reprodução/tudorondonia)

07 de janeiro de 2023

16:01

Mencius Melo – Da Agência Amazônia

MANAUS – A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) emitiu uma nota, na sexta-feira, 6, repudiando mais uma série de ataques e agressões físicas a jornalistas, no Brasil, somente nesta primeira semana de 2022. Segundo a associação, foram pelo menos “sete registros de violência contra jornalistas no exercício da profissão, ainda sob tensão eleitoral”, consta um trecho da nota. O presidente do sindicato dos jornalistas do Pará (Sinjor-PA), Vitor Gemaque, e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas (SJP/AM), Wilson Reis, se posicionaram perante a pauta.

De acordo com a Abraji, no dia 30, o jornalista Sandro Ferreira foi agredido no Pará. No dia 3, uma equipe de RDC TV foi agredida em Porto Alegre (RS). Também no dia 3, uma equipe da TV Jangadeiro foi agredida em Fortaleza (CE). No mesmo dia, mais três agressões: uma da TV Tribuna e outra do portal ES 360, no Espírito Santo, e um repórter em Ribeirão Preto (SP).

Conforme a associação, ainda no dia 3, a equipe da TV Tarobá foi agredida durante cobertura em Londrina (PR). No dia 5, outra agressão por bolsonaristas, desta vez, em Belo Horizonte. A vítima foi um fotógrafo.

À REVISTA CENARIUM, Wilson Reis destacou a relevância do trabalho da Abraji e demais associações para a identificação dos agressores e os índices de violência contra a classe, principalmente, no período do último pleito realizado ano passado.

É importante destacar que tanto a Abraji quanto a Fenaj identificaram o crescimento dessa violência no final de 2022 até o início de janeiro de 2023. Essas agressões cresceram após as eleições, com a derrota de Bolsonaro. E esses atos estão vinculados à cobertura jornalística, especialmente, nas frentes dos quartéis que se tornam, na prática, pontos de violência“, lamentou.

Para o presidente do SJP/AM, Wilson Reis, as portas de quartéis se tornaram pontos de convergência da violência contra a imprensa brasileira (REVISTA CENARIUM)

Wilson aponta, ainda, as ações diante do recrudescimento da violência contra os profissionais jornalistas. “É preciso que as empresas entendam e direcionem atenção e cuidado com a cobertura,nessas áreas, porque são áreas de risco. É necessário orientar bem para não pôr profissionais em risco”, destacou. “Como sindicato, estamos junto à Fenaj e Abraji encaminhando documento ao Ministério da Justiça e Secretaria de Comunicação da Presidência, pedindo providências“, adiantou.

No Pará

Já o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor-PA), Vitor Gemaque, classifica os números da violência contra jornalistas como alarmantes. “Temos percebido o aumento da violência com muita preocupação. Estamos finalizando um relatório do Estado do Pará. São 22 casos de agressões a jornalistas, somente em 2022. É o maior número de agressões contra jornalistas na história do Pará, desde a redemocratização. Nunca vimos nada igual”, declarou.

O presidente do Sinjor-PA, Vitor Gemaque, diz que a violência contra jornalistas alcançou números alarmantes nunca antes vistos no Pará (Reprodução)

O dirigente do Sinjor informou que pretende espalhar os dados para todos os agentes da sociedade, encaminhando os “dados alarmantes” para os governos federais, estaduais e municipais. “Vamos levar ao conhecimento dos ministérios federal, estadual, às assembleias, câmaras de vereadores e para a sociedade civil, porque a violência contra a imprensa é uma violência contra a democracia, e é preciso fazer alguma coisa“, declarou. “Esse problema é um problema de todos nós“, exclamou.

Em nota divulgada no início desta semana, a entidade contabilizou mais de 77 agressões, desde o final das eleições e o início da montagem dos acampamentos bolsonaristas. “Abraji repudia com veemência esses 77 episódios e se solidariza com os jornalistas agredidos, suas famílias e seus colegas de trabalho. Que esses casos sejam apurados e os autores dos ataques responsabilizados, porque a impunidade é um combustível potente para a escalada da violência”, finalizou o texto.