Ala política da campanha de Bolsonaro teme reação dos radicais e ensaia carta reconhecendo resultado eleitoral

30 de setembro de 2022

20:09

Enquanto o núcleo político tenta fazer o presidente Jair Bolsonaro (PL) focar na captura dos votos nesta retal final em que seu oponente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera e se distancia na dianteira, a ala familiar e mais radicalizada da campanha, com respaldo de parlamentares instalados no grupo, ensaia uma operação barulhenta e com potencial explosivo. A ideia seria dar uma escalada ainda maior nos materiais que questionam o sistema eleitoral, com o objetivo de ampliar a desconfiança do resultado das urnas.

Sem fé na virada

Em contraponto, os políticos dos partidos do Centrão que apoiam o presidente, que já vislumbram a derrota de Bolsonaro, articulam vacinas para evitar entraves com a Justiça Eleitoral. Uma delas, que ganha tração nos bastidores de Brasília, é a possibilidade de redação de uma carta-manifesto, a ser subscrita pelos “cabeças” destas siglas, reconhecendo o resultado eleitoral tão logo ele seja anunciado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Afinal, ninguém neste grupo, em conversas reservadas, acredita mais numa virada na corrida presidencial.

Aliança com Simone

O comando da campanha de Simone Tebet saiu satisfeito da performance da candidata do MDB nos debates. Para os emedebistas, a candidata foi a única cujo desempenho pode, de fato, alterar algum número na eleição e, talvez, empurrar o jogo para um segundo turno. Tebet mostrou que não estava na TV para fazer escada para ninguém. Não aceitou ser usada por Bolsonaro para atacar Lula, ao mesmo tempo em que não desqualificou a denúncia feita por Mara Gabrilli, sua vice, contra o petista. Seu tom assertivo, mas respeitoso, com o ex-presidente, deixou aberta a possibilidade para possíveis alianças depois de domingo.

Soraya e os memes

Mesmo escolhida de última hora para substituir o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, na disputa presidencial, a senadora Soraya Thronicke deu conta do recado. E mais do que isso: fez campanha nacional, com viagens, publicitário famoso e espaço político. “Botou a boca no trombone” quando as verbas minguaram e chegou à “reta final” como a maior produtora de memes dos debates. Conseguiu incomodar Bolsonaro, foi combativa, se fez conhecida e pôde usar esse patrimônio para se destacar de alguma forma no Senado no próximo governo, seja ele de Lula ou Bolsonaro.

Só pra tumultuar

O ministro Ricardo Lewandowski negou o pedido de suspeição feito por Jair Bolsonaro contra Alexandre de Moraes por um suposto gesto de degola que teria sido feito pelo magistrado. Em sua decisão, diz que o presidente só está criando fato político com a “reprovável” intenção de tumultuar o processo eleitoral. Os ataques do chefe da nação reforçam o espírito de corpo do STF e, com certeza, não vão ajudar o inquilino do Alvorada quando seus atuais e futuros processos forem ser analisados.