Analistas comentam sobre os principais desafios de Lula como presidente do Mercosul

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (Ricardo Stuckert/Agência Brasil)

03 de julho de 2023

21:07

Pricila de Assis – Da Agência Amazônia

MANAUS – O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assumirá na terça-feira, 4, a presidência temporária do Mercado Comum do Sul (Mercosul) pelos próximos seis meses e, com a liderança, articulará o protagonismo do Brasil, avaliam analistas consultados pela AGÊNCIA AMAZÔNIA. Um dos principais desafios de Lula será destravar no bloco o acordo comercial com a União Europeia (UE), mas também dar uma nova perspectiva de reforço à integração.

A entrada da Venezuela no Mercosul, uma vez que ela está suspensa, não será discutida na próxima cúpula do bloco econômico, embora o presidente do Brasil tenha interesse em ver, novamente, a integração do País. De acordo com o Protocolo de Ushuaia sobre o compromisso democrático do bloco, aprovado em 1998 e em vigência desde 2002, a Venezuela não fez esforços para restaurar a ordem democrática e, para não agravar os desafios atuais, os especialistas afirmam que ficará para outro momento.

Sobre o Mercosul

Os países do Mercosul – Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil – tendo sido a Venezuela suspensa, correspondem, atualmente, a 67% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2021, e mesma porcentagem de território da América do Sul. A população corresponde a 62% do total do continente sul-americano.

O cientista político Helso Ribeiro explica que o Brasil possui o maior campo industrial, com isso, Lula estando na presidência poderá ter abertura para ampliar o movimento nos negócios. “Além de tentar ter um discurso que faça continuar crescendo a indústria brasileira, porque temos um parque industrial forte e aí o grande desafio dele é alavancar a economia. O grande desafio para Lula, internamente e externamente, será para largar ainda mais essa política de integração com a Argentina Uruguai e Paraguai”, disse.

O cientista político Helso Ribeiro (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Já o cientista político Jack Serafim ressalta que a vantagem deste comando de Lula, em frente ao Mercosul, mora no fato de quem está na presidência é quem define a pauta prioritária no período. “No entanto, este momento será muito duro. Argentina terá novo presidente, que não será o atual, e Paraguai elegeu novo chefe de Estado que só assumirá em outubro. Isto cria um nível de fragilidade em qualquer decisão tomada no período. Inclua a isso as posições antagônicas entre Uruguai e Brasil que ocupam o palco das discussões atualmente. Uruguai é presidido pela direita e Brasil pela esquerda. Uruguai defende acordos individuais com a China. Brasil defende que, se Uruguai fizer isso, deverá sair do bloco. Esse tipo de acordo só pode ocorrer por meio de consenso entre os países parte do Mercosul”, pontua.

O cientista político Jack Serafim (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Para o economista Altamir Cordeiro a liderança do presidente do Brasil, neste novo momento, será de convencer os blocos dos países que ainda não têm parcerias comerciais. “Os países do Mercosul estão estabilizados na política, economicamente, e estão comprometidos com as questões ambientais e a sustentabilidade. É importante fortalecer o bloco do Mercosul para poder ter melhor desempenho na participação, nas transações comerciais, eliminando barreiras e prejuízos aos países membros”, ressalta.

O economista Altamir Cordeiro (Reprodução/Arquivo Pessoal)
Novo momento

O Brasil, na liderança da cúpula, vai aproximar ainda mais os tratados, a economia e o relacionamento internacional. Os especialistas analisam que o País passa por um momento de melhorias e que, nesta relação, tende a maior crescimento e investimentos para o mercado brasileiro.

Leia também: Lula acredita em comum acordo da União Europeia com Mercosul ainda em 2023