Apagões em tempos de estiagem causam prejuízos a empresas

Enfrentando uma estiagem severa, a Amazônia está sob risco de sofre apagões. (Reprodução/Internet)

12 de outubro de 2023

16:10

Alessandra Leite – Agência Amazônia*

SÃO PAULO (SP) – A seca histórica na Região Norte traz na esteira outros recordes preocupantes. Entre eles, a escassez de recursos hídricos para armazenamento e geração de energia. A disponibilidade contínua de energia elétrica é fundamental para o funcionamento da sociedade, por meio das empresas, hospitais, hotéis, indústrias e até data centers, que precisam dessa fonte para manter funcionando suas operações. Na falta de energia elétrica, as empresas sofrem prejuízos.

Segundo o gerente de Service e Engenharia da APS, Fernando Gentil, a ameaça constante de apagões e interrupções no fornecimento de energia é uma realidade que não pode ser ignorada. “Há escassez de recursos hídricos em períodos de estiagem, para armazenamento e geração de energia. É o caso de uma usina hidrelétrica. Mas quando há eficiência energética é possível produzir a mesma quantidade de energia, mesmo sem recursos hídricos suficientes. Dessa forma, o consumo não é comprometido”, explica.

Apesar da situação crítica em relação à falta de chuvas e ao nível dos rios, a Amazonas Energia assegurou à agência Cenarium, no último dia 10, que descarta o risco de desabastecimento de energia devido à escassez de óleo diesel nas termelétricas. A garantia foi do diretor técnico do Interior e diretor de Relações Institucionais, Radyr Gomes de Oliveira.  

Às 21h47 da segunda-feira, 9, Manaus e a região metropolitana da capital do Amazonas registraram o consumo de 1.742 megawatts, um recorde histórico no consumo de energia elétrica. Isso ocorre em meio a uma estiagem sem precedentes na região, que tem levado o nível dos rios aos pontos mais baixos já registrados.

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Seca no Amazonas (10.out.23 – Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)
Eficiência energética

A despeito da garantia, a APS, empresa líder mundial em tecnologias de eletrificação e automação, presente em diversos setores da indústria, alerta sobre os riscos e a necessidade de investimento para assegurar a eficiência energética.

Para Gentil, as estações de eficiência energética podem estar relacionadas a mudanças tecnológicas e até mesmo a modificações na gestão energética, tendo entre os principais benefícios a redução da necessidade de expansão da oferta de energia, a diminuição de gases de efeito estufa e a economia de custos com energia.

O investimento em processos de eficiência energética também reduz custos com geração e distribuição de energia e oferece melhor segurança energética”, ressaltou.

Parada em data center pode causar prejuízos de mais de R$ 500 mil

Segundo dados mais recentes apresentados no Annual outages analysis 2023: The causes and impacts os IT data center outages, do Uptime Institute, à medida que a dependência dos serviços digitais continua a crescer, as interrupções tornam-se cada vez mais caras. Mais de dois terços de todas as interrupções têm um custo superior a US$ 100 mil.

É importante observar que empresas especializadas em infraestrutura digital terceirizada, como provedores de serviços em nuvem, ‘colocation‘, telecomunicações e hospedagem, desempenham um papel cada vez mais significativo no panorama das interrupções. Isso mostra a crescente importância dessas empresas e a necessidade de uma abordagem mais estratégica em relação à sua confiabilidade e resiliência”, enfatiza Fernando Gentil.

Conforme o especialista, 75% das quedas em data centers poderiam ser evitadas, pois erros humanos e falhas de gerenciamento contribuem para um grande número de interrupções.

Os data centers são hubs, onde as instalações de computação e os equipamentos de rede estão centralizados e têm a tarefa de coletar, armazenar, processar e distribuir grandes quantidades de dados. Também são responsáveis ​​pelas funções de backup e de redundância, bem como pela recuperação de desastres.

Hospitais e data centers, por exemplo, devem adotar a solução de Arquitetura Paralela-Redundante Descentralizada, que permite uma reserva, com todos os sistemas necessários para operação independente. Em caso de falha, como um apagão, esses módulos continuam em operação sem nenhum prejuízo”, explica Fernando Gentil.

O sistema, conforme explica o gerente, antecipa problemas potenciais e fornece alerta sobre o estado dos componentes, sinalizando proximidade do fim da vida útil, desgastes ou consumo acima do normal. Gentil reforça, ainda, que um plano de manutenção preventivo faz a diferença para estabelecimentos como shopping centers, hotéis e condomínios.

Linhas de energia. (Fábio Rodrigues Pozzebom/Arquivo/Agência Brasil)
Avanços em sistemas e processos

O estudo citado indica que, embora os sistemas e processos tenham obtido avanços no tempo de atividade e na confiabilidade, o impacto de algumas grandes falhas e a concentração das cargas de trabalho em estruturas de um pequeno grupo de provedores gigantes, levou empresas a buscarem outros parceiros com melhores condições de realizar a manutenção de seus racks, além de credenciais e de evidências de boas práticas.

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As inovações e o investimento em resiliência distribuída e baseada em nuvem podem ter ajudado a reduzir o impacto das falhas no nível do serviço; todavia, introduziu alguma complexidade sujeita a erros.

É fundamental cuidar da gestão dessa rede para evitar preocupações, minimizar falhas de gerenciamento e criar um ambiente operacional mais confiável e seguro. O investimento em manutenção preventiva é uma estratégia inteligente para assegurar a qualidade e a continuidade das operações desses estabelecimentos, contribuindo para sua reputação e sucesso a longo prazo”, finaliza Gentil.

O alerta feito reforça, também, que a prevenção de interrupções e apagões é um constante desafio e requer monitoramento, análises e investimento. As principais considerações incluem construir e aumentar a redundância, gerenciar e revisar constantemente as mudanças de ameaças e tecnologias e investir em pessoal qualificado e treinamento, a fim de minimizar erros humanos que, segundo o relatório, são responsáveis por 75% dos casos de quedas e interrupções.

(*) Com informações da APS Engenharia