‘Nossos sonhos escorreram pelas mãos’, diz líder de equipe ‘eSports’ do AM desclassificada de competição após apagão de internet

Prêmio dos campeões da Série A da Liga Brasileira de Free Fire (LBFF) neste ano é de R$ 105 mil (Divulgação)

26 de março de 2022

12:03

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS — Além de atrapalhar o dia a dia de milhares de pessoas que dependem da internet para trabalhar e estudar, o “apagão” ocorrido em Manaus na última terça-feira, 23, também atrasou a realização de sonhos. Foi isso que aconteceu com a equipe “Sabotage E-sports” que competia na Série C da Liga Brasileira de Free Fire (LCFF) e foi desclassificada após os players não conseguirem jogar a partida online. À CENARIUM, o líder da equipe, Rubens Souza, compartilhou a frustração e decepção que todos os players sentiram ao perderem a oportunidade.

Na competição, a Série C funciona como uma chave de acesso às séries B e A, na qual a premiação chega a R$ 105 mil para os campeões, enquanto os 2º e 3º colocados faturam R$ 85 mil e R$ 75 mil, respectivamente. O restante das equipes finalistas garantem R$ 53.333 cada.

“Todos os nossos players são de baixa renda, estamos à procura de melhorias para ajudar nossa família. A LBFF Série C é o foco de muitas equipes que não têm oportunidade, que não têm estrutura como outras organizações, e a gente já tinha passado por uma das fases mais difíceis que é ser selecionado porque são milhões de inscrições. Conseguimos passar na primeira fase, mas não conseguimos da segunda por causa da internet”, lembra Souza.

Equipe da Sabotage E-sports na Premiação de Melhores do Ano Evento de reconhecimento de líderes de eSports da Federação Amazonense de E-sports Eletrônico (Faesp) (Arquivo pessoal)

Rubens ainda lembra que essa não foi a primeira vez que a instabilidade da internet prejudicou a equipe em um campeonato. Para ele, além da perda da oportunidade, ficam os prejuízos emocionais e psicológicos.

“Os recursos que a gente tem são praticamente uma boa parte do meu salário, eu faço investimento no time para que a gente possa ter um retorno e conseguir se ajudar dentro do game, já que o nosso objetivo é a tão sonhada Série A. Isso foi um sonho que se tornou pesadelo e não desejamos a ninguém. Ver os nossos sonhos escorrer pelas mãos como se fosse água e poeira. É muito triste, fora o estrago no psicológico dos nossos players que alguns deles já desistiram”, conta ainda.

Repúdio

Em nota de repúdio, a Federação Amazonense de E-sports (Faesp) cobrou da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) uma providência referente à instabilidade da internet no Amazonas. A federação ainda prestou solidariedade às equipes que foram prejudicadas pelo “apagão”.

“Até quando @anatelgovbr ? Será que não temos a mesma importância de outros Estados? Deixamos aqui nosso apoio às organizações de eSports e todos seus atletas que sofreram com tal ato hoje. O sonho não acabou!”, disse na nota.

Providências

Após o “apagão”, o Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon), da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), e o Instituto de Defesa do Consumidor (Procon-AM) cobraram e notificaram operadoras de internet sobre a instabilidade das redes o Estado. A Claro deve apresentar uma proposta de ressarcimento aos consumidores de Manaus pelo apagão. A DPE-AM informou que a empresa recebeu o ofício na quinta-feira, 24, e tem prazo de cinco dias úteis para responder adequadamente, sob pena de ser alvo de uma ação civil pública de indenização por dano moral coletivo.

Já o Procon-AM notificou a Vivo e a Tim por conta da instabilidade tanto de internet quanto dos serviços de telefonia que estavam afetou a população. Conforme o documento, as companhias têm até dez dias para apresentar resposta ao órgão sobre as causas dos apagões, o número de pessoas afetadas e como será feito o abatimento dos valores correspondentes nas próximas faturas. Em caso de comprovação da má prestação de serviço, as empresas poderão ser multadas – em valores correspondentes aos seus respectivos portes.